Diferentemente do Brasil e outros países de regime presidencialista, no Reino Unido quem governa no poder executivo é o primeiro-ministro. Apenas dois deles permaneceram no poder por mais de uma década na última metade do século — Tony Blair e Margaret Thatcher, ambos com fama controversa ao longo da carreira.
Outros, por sua vez, possuem um governo curto, como a da última primeira-ministra, Liz Truss, que só durou 44 dias no poder. Das 56 pessoas que assumiram a posição de PM, oito delas serviram menos que um ano. Outras foram mais além, mas ainda assim não completaram o mandato, por diferentes razões.
Primeiros-ministros com os governos mais curtos no Reino Unido
1. Liz Truss – 44 dias
Liz Truss é a primeira-ministra com o governo mais curto na história britânica moderna. Truss foi escolhida pelo partido Conservador como líder em setembro de 2022, após seis semanas de disputa, que ocorreu após a renúncia de Boris Johnson, outro primeiro-ministro que não completou o mandato.
O início da posse de Truss foi ofuscado pela morte da rainha Elizabeth II e o período de luto nacional que se seguiu. As políticas de impostos baixos e crescimento alto ajudaram Truss a vencer a disputa, mas assustaram o mercado e precipitaram uma crise financeira.
Forçada a despedir o chanceler, Kwasi Kwarteng, e abandonar suas políticas, Truss viu sua credibilidade se esvair. Assim, renunciou como líder do partido em 20 de outubro de 2022, seguindo a pressão dos deputados do partido.
2. Sir Alec Douglas-Home – 1 ano e 1 dia
Sir Alec Douglas-Home se tornou primeiro-ministro em outubro de 1963 após a renúncia de Harold Macmillan, durante uma crise no Partido Conservador. Seu governo foi simplório, com o passado aristocrata colocando-o contra os sindicatos, mas nada mais notório. Foi astuto o suficiente para frustrar uma tentativa de sequestro, quando dois estudantes de esquerda tentaram sequestrá-lo, sendo manipulados com inteligência por Douglas-Home.
3. Sir Anthony Eden – 1 ano, 279 dias
Após tomar controle do governo Conservador nos anos 1950, foi a Crise de Suez que tornou sua posição insustentável. Apesar de apontar a saúde como razão para a saída, muitos acreditaram que a partida se deu diante seu aparente engano do Parlamento sobre seu conluio com a França e Israel.
4. Gordon Brown – 2 anos, 318 dias
Os britânicos não gostam de líderes que não são eleitos, então quando o ex-chanceler do tesouro Gordon Brown assumiu após Tony Blair, as pesquisas foram desfavoráveis. Brown teve o difícil trabalho de assumir o país durante a crise financeira, e foi derrotado por David Cameron na eleição geral de 2010.
5. Neville Chamberlain – 2 anos, 384 dias
A ingenuidade de Neville Chamberlain foi um dos seus traços mais marcantes. Após retornar de suas conversas com Adolf Hitler, Chamberlain declarou que haveria paz em setembro de 1938. Após o início da Segunda Guerra Mundial, foi difícil se manter no trabalho.
6. Theresa May – 3 anos, 11 dias
Theresa May assumiu em 2016, quando David Cameron partiu do governo após o referendo do Brexit. Uma tarefa quase impossível, May assumiu o governo durante um período complicado. Seu acordo para o Brexit foi recusado pelo parlamento diversas vezes, e em julho de 2019 veio a sua renúncia, sem alcançar o que buscava.
7. Jim Callaghan – 3 anos, 29 dias
Jim Callaghan foi vítima da máquina política movida por Margaret Thatcher. Ele era o quarto primeiro-ministro do Partido Trabalhista, mas não tinha o necessário para se equiparar com a popularidade de Thatcher. Callaghan se viu diante taxas recorde de desemprego e altos níveis de insatisfação, tornando fácil para Thatcher vencê-lo quando ela assumiu o poder em 1979.
8. Boris Johnson – 3 anos, 44 dias
A carreira de Boris Johnson como primeiro-ministro foi bastante controversa. Tentando guiar o Reino Unido durante uma pandemia global e os processos do Brexit, a atitude de Johnson o tornou uma figura que atraiu tanto bajulação como desprezo. Sua personalidade complicada fez com que sua posição fosse frequentemente questionada, mesmo em seu próprio partido.
Com o governo colapsando diante escândalos onde estava envolvido e uma sucessão de renúncias ministeriais, Johnson não conseguiu se manter, renunciando em 7 de julho de 2022 como líder do partido. Ele continuou servindo como primeiro-ministro durante o ano até os conservadores escolherem seu sucessor: Liz Truss.
