Venenos dignos de James Bond: o que é real e o que é ficção

Mateus Marchetto
Imagem: Arek Socha / Pixabay

Obras de ação e investigação, sejam filmes ou livros, usam frequentemente de um recurso para suas tramas: venenos. Contudo, nem sempre a ação destas drogas nos filmes e livros segue o conhecimento científico sobre elas. Pensando nisso, o especialista Kathryn Harkup analisa os venenos presentes na série James Bond.

Venenos extraídos de plantas

No filme de 1979 “007 contra o Foguete da Morte”, o vilão Hugo Drax tem um propósito bem definido: eliminar quase toda a humanidade usando uma orquídea. A flor de cor negra, segundo a trama, produziria uma toxina que seria modificada pelos cientistas de Drax. O vilão então iria se abrigar em sua espação espacial secreta, com um seleto grupo de pessoas, e lançar bombas venenosas da toxina sobre o planeta.

poison berry g02aa765f7 1920
Imagem: S. Hermann & F. Richter / Pixabay 

Apesar da parte da base espacial secreta ser, no mínimo, improvável, os venenos com origem vegetal são bastante comuns. A ricina, por exemplo, é uma toxina explorada na série “Breaking Bad” que é sintetizada a partir de certas espécies de mamona.

Como Harkup argumenta, os governos dos Estados Unidos, França e Reino Unido já utilizaram a ricina em projetos de desenvolvimento de armas químicas. O Reino Unido até criou bombas inaláveis do veneno.

Lâminas envenenadas nos sapatos

“Moscou contra 007”, de 1963, retrata em certo ponto agentes russos usando lâminas retráteis envenenadas em seus sapatos. Apesar dos venenos não serem evidenciados na obra, a técnica é bastante antiga, mas não necessariamente com sapatos.

Nesse sentido, diversas tribos indígenas utilizam venenos coletados de animais e plantas (como sapos venenosos) para embeber flechas, lanças e lâminas em geral. Mesmo durante o século XX, serviços de inteligência tentaram desenvolver venenos capazes de se aderirem a balas de rifles e revólveres.

Para o caso das lâminas, contudo, a proposta é bem plausível. A tetrodotoxina é um dos venenos mais conhecidos por especialistas, presente inclusive no corpo de baiacus. Uma lâmina com o veneno poderia, portanto, matar uma pessoa em alguns minutos.

Venenos em bebidas, jogada clássica

Em 2006, o jornalista e ex-agente russo Alexander Litvinenko faleceu de forma repentina, vítima de envenenamento por polônio-210. Um inquérito de 2015 mostrou que Litvinenko provavelmente foi assassinado por forças russas infiltradas em território britânico.

red wine g0c5b2b323 1920
Imagem: Dirk Wohlrabe / Pixabay 

Coincidentemente, no mesmo mês da morte do jornalista, o filme “007 – Cassino Royale” chega aos cinemas, relatando um evento de envenenamento em um drink de James Bond. Contudo, nesse caso os vilões usam o veneno digitalis, para o qual existe um antídoto, diferentemente do polônio-210, que mata pela radiação.

Cápsulas de cianeto

Talvez uma das bases históricas mais bizarras, o filme de 1962 “007 contra o Satânico Dr. No” relata um agente se utilizando de uma cápsula de cianeto presente em um cigarro para se suicidar, antes que Bond consiga quaisquer informações.

Em “007 – Operação Skyfall”, o personagem Raoul Silva relata como teve seu rosto deformado por uma cápsula de cianeto, ademais.

Fato é que, durante a Segunda Guerra, agentes de diversos países recebiam de fato pílulas de vidro contendo cianeto, para o caso de fossem capturados. O cianeto age direto na respiração celular, na enzima citocromo-oxidase, causando a morte das células. As consequências são dores de cabeça lancinantes, vômito e convulsões em apenas alguns minutos.

Com informações de Chemistry World.

Compartilhar