Um satélite de 1964 está caindo em direção à Terra

Felipe Miranda
(Créditos da imagem: NASA).

Ao final da tarde do último sábado (29), em torno de 18h10 no horário de Brasília, um satélite lançado pela NASA no ano de 1964, ainda no início da corrida espacial, cairá na atmosfera da Terra.

É claro que ele não representou nenhum perigo. Um satélite é muito pequeno para atingir o solo – queimando completamente na atmosfera, como um meteoro. Ademais, ele caiu sobre o gigante Oceano Pacífico.

As primeiras detecções do objeto foram realizadas por dois observatórios. O Catalina Sky Survey (CSS), da Universidade do Arizona, e o Sistema de Alerta de Impacto Terrestre de Asteroides (ATLAS), pertencente à Universidade do Havaí. Foram duas detecções independentes, o que chamou a atenção.

Inicialmente ao detectar o objeto em rota de colisão com a atmosfera terrestre, os cientistas pensaram que fosse um pequeno asteroide. A entrada de asteroides na atmosfera é algo extremamente comum.

Entretanto, o Centro de Estudos de Objetos Próximos da Terra (CNEOS), do  Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, e o Centro de Coordenação NEO da Agência Espacial Europeia, realizaram cálculos de precisão.

Logo depois, ao analisar as diversas características, desde tamanho, até a rota, os cientistas perceberam que não trata-se de um asteroide. Era, na verdade, o OGO-1, um satélite lançado em 1964 pela NASA.

“A espaçonave se fragmentará na atmosfera e não representará nenhuma ameaça ao nosso planeta – ou a qualquer pessoa nele – e esta é uma ocorrência operacional final normal para espaçonaves aposentadas”, explica um comunicado da NASA.

O OGO-1

O Orbiting Geophysics Observatory 1 (OGO-1) foi o primeiro de uma série de seis satélites lançados ao longo da década de 1960 pela NASA, a agência espacial americana.

A missão do OGO-1 era coletar dados do campo magnético terrestre. Também observou além das interações da Terra com o Sol. A espaçonave operou entre os anos de 1964 e 1969. Em 1971 ocorre sua desativação.

Como já diz aquele ditado: “tudo que vai, volta”. E essa é a morte natural dos satélites. Em suma, os objetos em órbita da Terra estão todos em queda livre, inclusive a gigante Estação Espacial Internacional (ISS).

As espaçonaves que estão em operação, entretanto, possuem suas altitudes constantemente reajustadas. O OGO-1 enfrenta uma queda livre desde a desativação, e apenas agora entra na atmosfera, no entanto.

Essa demora toda em cair ocorre por sua alta velocidade. Sabe quando você era criança, amarrava uma corda em um balde com água e o girava para ver se a água não caía (ou só eu que fazia isso?)?

Enfim, é o mesmo efeito. A gravidade puxa o satélite para baixo. Entretanto, a força tangencial faz com que ele possua uma tendência de escapar da gravidade terrestre.

Dessa forma, se a velocidade fosse muito alta, ele seria mesmo lançado para fora da órbita. Mas a sua força tangencial é, ainda, menor do que a força da gravidade. Então, ele segue sendo puxado lentamente para a Terra. Tão lentamente que ele levou 49 anos para chegar a esse ponto.

O mais curioso é que todos os outros cinco, lançados mais tarde, já voltaram para a Terra. O OGO-1, mesmo sendo o mais velho, é o único deles que ainda se aventurava pelo espaço, no entanto.

Com informações de NASA e Space.com.

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