Tudo o que vemos é uma mistura dos últimos 15 segundos

Lorena Franqueto
Imagem: LhcCoutinho/Pixabay

Os olhos humanos são constantemente bombardeados com informações. Ao longo do dia, ou até de uma mesma cena, muitas mudanças acontecem nas formas, cores, movimentos, luz e outros. Então, como nosso cérebro absorve tudo isso e o ato de ver não parece tão trabalhoso para o homem? Segundo recente pesquisa, disponível no Science Advances, a falsa estabilidade da visão depende da média dos últimos 15 segundos que o olho captou.

O vídeo abaixo mostra quantas coisas o olho capta em poucos segundos. O círculo branco representa os movimentos dos olhos e a bolha borrada a entrada visual. Segundo Mauro Manassi e David Whitney, autores da pesquisa, “Se nossos cérebros estivessem constantemente se atualizando em tempo real, o mundo pareceria um lugar caótico com constantes flutuações de luz, sombra e movimento”.

Qual a metodologia do estudo?

Primeiramente, os pesquisadores separaram as pessoas em três grupos diferentes, cada um com pelo menos 40 participantes. O primeiro grupo assistiu a um vídeo com um único rosto de 13 anos, o segundo grupo o rosto era de uma pessoa com 25 anos e o último grupo viu o mesmo rosto, o jovem e o adulto das primeiras equipes, gradualmente envelhecer em quase 30 segundos. Por fim, os autores pediam para cada participante estimar a idade do último rosto exibido durante a projeção do filme.

Depois desses procedimentos, ocorreu a análise das respostas e os participantes do terceiro grupo relataram a idade do rosto apresentado nos últimos 15 segundos antes. Assim como em outro experimento o qual mostrou um filme do rosto mais antigo para o mais novo, os participante perceberam uma idade mais velha do que o final. Sendo assim, em ambos os casos, a diferença foi de cinco anos em média. Para explicar tais experimentos, também há um vídeo disponível no Youtube com a mudança dos rostos.

Então, os resultados indicaram que em vez de ver a imagem mais recente em tempo real, os humanos percebem versões anteriores porque o tempo de atualização do nosso cérebro é de cerca de 15 segundos. Isso acontece porque é muito trabalhoso para o cérebro lidar com cada mudança, mesmo aquelas mínimas. Conforme os dois autores do artigo, “Reciclamos informações do passado porque é mais eficiente, mais rápido e requer menos trabalho”.

Qual o impacto de ver apenas os últimos 15 segundos?

Dessa forma, nosso sistema visual às vezes sacrifica a precisão em prol de uma experiência visual mais suave do mundo ao nosso redor. Além disso, essa descoberta também explica porque não percebemos alterações sutis em filmes, como a mudança do ator para o seu dublê.

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Imagem: Pixabay

Há consequências positivas e negativas para o nosso cérebro esse atraso no processamento das informações. A lentidão permite um menor bombardeamento de informações durante o dia, no entanto, oferece riscos para as atividades que dependem de mais precisão e detalhes. Sendo assim, os julgamentos feitos pelas pessoas todos os dias não são totalmente baseados no presente, mas dependem fortemente do que elas viram no passado.

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