Teorias conspiratórias sobre a pandemia já mataram centenas de pessoas

Erik Behenck
(Imagem: Pixabay)

A pandemia de COVID-19 é uma realidade, onde o contágio de pessoa para pessoa é algo comprovado, sendo que muitas delas morrem. Entretanto, em meio a este cenário caótico, teorias conspiratórias já causaram mais de 800 perdas. O novo fenômeno chama-se infodemia, onde o excesso de notícias falsas, rumores e teorias da conspiração colocam diversas pessoas em perigo.

Uma infodemia pode ser vinculada a qualquer coisa, neste caso à COVID-19. De fato, é um problema seríssimo, que deixa a crise ainda mais grave. Por isso, uma equipe vasculhou mídias sociais e sites para entender como a desinformação vem prejudicando ainda mais o planeta.

Dessa forma, descobriram a existência de 2.300 relatos de rumores, estigma e teorias da conspiração sobre o coronavírus. O conteúdo estava distribuído em 25 idiomas e em 87 países. Em geral, conteúdos inverídicos, que, além de não ajudarem em nada, prejudicam as pessoas que leem e, em casos mais graves, levam até à morte.

Mitos populares podem ser mortais

Conforme os autores do estudo, um mito popular comum indica que o consumo de álcool altamente concentrado pode desinfetar o corpo e acabar com o vírus. Dessa forma, um péssimo exemplo vindo do Irã precisa ser ressaltado.

“Após essa desinformação, cerca de 800 pessoas morreram, enquanto 5.876 foram hospitalizadas e 60 desenvolveram cegueira completa após beber metanol como uma cura para o coronavírus”, comentam os autores.

Algo semelhante aconteceu na Turquia, onde 30 pessoas perderam a vida. No Catar foram duas mortes registradas pela ingestão de desinfetantes de superfície ou desinfetante para as mãos, à base de álcool.

Na Índia algumas pessoas consumiram álcool feito com sementes tóxicas de datura após assistirem um vídeo nas redes sociais, onde dizia que isso era bom para aumentar a imunidade. Entre as perdas, cinco crianças.

Felizmente nem todas as teorias conspiratórias são perigosas

Por sorte, nem tudo o que é dito nas redes sociais é capaz de levar uma pessoa para o hospital. Ainda assim, existem muitas teorias conspiratórias, com ideias distorcidas que passam a ser compartilhadas milhões de vezes.

Assim, os pesquisadores descobriram que itens como água sanitária, urina e esterco de vaca, solução de prata e cloro, são consideradas opções para combater a doença, segundo as redes sociais. Obviamente que nenhuma delas tem sentido.

Até mesmo algumas ideias que não deveriam ser perigosas causam estragados. Na Coreia do Sul, logo no início da pandemia, uma centena de pessoas foi infectada em uma igreja. Acontece que diversas pessoas colocaram a boca em um borrifador sem este ser higienizado.

“Uma igreja na Coreia do Sul, onde um borrifador foi usado para borrifar água salgada entre os participantes da igreja, resultou em mais de 100 infecções entre os participantes por causa da borrifação de água contaminada”, explica a equipe.

Por fim, não existem informações falsas somente em relação a curas para COVID-19, como também explicando o seu surgimento. Telefones celulares podem passar coronavírus, isso é uma invenção de Bill Gates, Donald Trump é o responsável e foi criado pela China. Enfim, diversas teorias mirabolantes, que muitos realmente acreditam.

A pesquisa foi publicada no American Journal of Tropical Medicine and Hygiene. Com informações de Science Alert.

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