Tablete com Teorema de Pitágoras é mais antigo que o próprio Pitágoras

Damares Alves
Imagem: Osama Shukir Muhammed Amin FRCP(Glasg)

O Teorema de Pitágoras, um pilar fundamental da geometria, pode ser muito mais antigo do que pensávamos. Intrigantemente, um antigo tablete de argila babilônico, conhecido como IM 67118, exibe uma aplicação clara desse teorema.

Essa placa, usada provavelmente para fins educacionais, remonta a 1770 AEC, ou seja, cerca de mil anos antes do nascimento de Pitágoras por volta de 570 AEC.

Os antigos babilônios conseguiram entender a relação entre a diagonal e o lado de um quadrado. Bruce Ratner, um renomado matemático, deduziu isso de sua análise das inscrições traduzidas do sistema numérico base 60 dos babilônios.

“A conclusão é inescapável. Os babilônios conheciam a relação entre o comprimento da diagonal de um quadrado e seu lado: d = raiz quadrada de 2”, afirma Ratner.

Então como o nome de Pitágoras acabou sendo vinculado a esse teorema? A resposta a essa pergunta é um mistério histórico por si só. Pitágoras não deixou nenhum registro escrito de seus trabalhos. O que hoje conhecemos como seus ensinamentos foram transmitidos por seus seguidores, os pitagóricos, que fundaram uma escola em sua homenagem na região da atual Itália.

Essa escola, conhecida como o Semicírculo de Pitágoras, era notória por seu secretismo. Conhecimentos adquiridos ou descobertos ali eram transmitidos oralmente e muitas vezes atribuídos a Pitágoras.

“Muitas das descobertas feitas pelos pitagóricos foram atribuídas a Pitágoras em respeito ao líder”, explica Ratner. Portanto, apesar de Pitágoras não ser o criador do teorema, sua escola certamente ajudou na sua popularização.

Pitágoras
Pitágoras.

Quem foi Pitágoras

Pitágoras buscava compreender o universo através dos números, da música e da filosofia. Nascido na ilha de Samos, no século VI AEC, ele viajou por diversas regiões do mundo antigo, aprendendo com diferentes culturas e mestres. Fundou uma escola em Crotona, no sul da Itália, onde reuniu discípulos que compartilhavam de sua visão mística e científica da realidade.

Além do Teorema que leva seu nome, Pitágoras não se limitou à matemática. Ele também se interessou pela astronomia, pela música, pela religião e pela moral. Ele acreditava que os números eram a essência de todas as coisas e que expressavam uma harmonia cósmica. Ele percebeu que os sons musicais podiam ser representados por razões numéricas e que os movimentos dos astros obedeciam a uma ordem matemática. Ele chamou essa ordem de “harmonia das esferas” e concebeu o universo como uma grande sinfonia.

Pitágoras também desenvolveu uma concepção espiritual da existência humana, baseada na ideia de reencarnação e na busca pelas virtudes. Ele ensinava que a alma era imortal e que podia se libertar do ciclo de nascimentos e mortes através do conhecimento e da purificação. Ele defendia uma vida simples, vegetariana e pacífica, em contraste com a violência e a opressão de sua época.

Pitágoras influenciou muitos pensadores posteriores, como Platão, Aristóteles, Euclides e Copérnico, que se inspiraram nas suas ideias sobre a harmonia e a ordem do universo. Pitágoras também teve uma grande influência na cultura ocidental, sendo considerado o pai da matemática pura e um dos precursores do racionalismo.

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