Rússia e China pretendem construir reator nuclear na Lua

Leandro da Silva Monteiro
Ilustração da futura estação que será construída por agências russas e chinesas. Imagem: CNSA/Roscosmos

A energia nuclear já foi foco de muita preocupação por conta de tragédias históricas envolvendo algumas usinas pelo mundo como Chernobyl. Contudo, pesquisadores afirmam que ela que menos agride o meio ambiente na geração de energia e por isso defendem investimentos nessa área. Nações e ativistas ambientais vêm mudando suas perspectivas em relação à energia nuclear e agora temos agências russas e chinesas com ideias para construir um reator no nosso satélite natural.

O plano surge de uma parceria entre a Roscosmos, agência espacial Russa e a CNSA, a Administração Espacial Nacional Chinesas. As duas agências querem construir um reator nuclear automatizado na Lua até meados de 2035. A iniciativa não surgiu do nada, pois ela faz parte de um plano anterior entre os dois países que pretendem estabelecer uma base lunar conjunta no satélite, a Estação Internacional de Pesquisa Lunar, ou ILRS.

A ideia de uma base lunar russa e chinesa foi um compromisso expressado em 2021 e que não visa limitar-se apenas à Rússia e à China. A intenção é transformar a ILRS num amplo centro de pesquisa aberto para diversas nações, o que marcaria importante passo para exploração lunar e cooperação científica global. Dentre os países que demonstraram interesse em ingressar no projeto estão a África do Sul, Bielorrússia, Azerbaijão, Paquistão e Venezuela. 

Para firmar a parceria com a China, a Roscosmos anunciou esta semana sua intenção de criar o reator nuclear na Lua. Yuri Borissov, presidente-executivo da agência russa, explicou que este é um projeto ambicioso e que seria mantido de forma autônoma, ou seja, sem a presença humana no terreno lunar e que a tecnologia necessária para alcançar esse objetivo já estaria numa fase avançada de desenvolvimento.

Reator nuclear ajudará na exploração da Lua

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Imagem: NASA

Um plano de construir qualquer coisa na Lua chama atenção por si só, mas nesse caso tem-se o benefício da energia nuclear ganhar cada vez mais defensores. Obviamente existem algumas desvantagens associadas a esse tipo de energia como os subprodutos de  materiais radioativos e lixo radioativo que fazem parte do processo, além da necessidade de medidas de altíssima segurança contra o risco de acidentes. Sendo assim, uma usina autônoma numa região inóspita como a Lua é de grande interesse na produção de energia.

No final de 2023, cientistas britânicos apresentaram um plano para criação de um reator nuclear compacto. Ele seria alimentado por pequenas células de combustível e deve ser testado pela NASA em missões futuras. Parte desse plano também consiste em instalar um desses mini reatores na Lua numa tentativa de resolver um dos principais desafios para viagens espaciais até o satélite, que é o abastecimento de energia de naves e outros equipamentos.

Atualmente missões no espaço tem dependido de fontes como a energia solar. Nesse caso em particular, há um problema por conta dos períodos em que a Lua fica em completa escuridão que duram até duas semanas por mês. Isso cria um espaço de tempo muito limitado para a realização das missões e suas durações.

Se a energia nuclear se tornar uma alternativa viável no solo lunar, um mini reator poderia gerar uma fonte de energia estável e contínua, ampliando os atuais limites que a dependência energética causa. As agências poderiam organizar explorações mais extensas na Lua e de forma mais sustentável, já que por vezes os equipamentos têm que ser abandonados pela falta de energia. 

Segurança é uma pauta muito importante para China, então esse tipo de solução se mostra muito desejável. Poucos dias antes do anúncio da Roscosmos, o país já tinha mostrado interesse em estabelecer uma rede de vigilância lunar com câmeras que pudessem identificar, localizar e rastrear objetos suspeitos para garantir a segurança da futura ILRS.

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