Qual é a diferença entre uma bomba atômica e uma de hidrogênio?

Felipe Miranda
Explosão da Ivy Mike, a primeira bomba termonuclear no mundo, em 1952. (Créditos da imagem: Wikimedia Commons).

Recentemente, a Rússia liberou o vídeo dos testes da bomba atômica mais poderosa já criada, testada em 1961. Isso levantou, portanto, entre o público leigo, uma pergunta. Qual é, afinal, a diferença entre uma bomba atômica convencional e uma bomba de hidrogênio?

Equivalência-massa energia

Você já deve ter visto, em algum lugar, a fórmula E=MC². Pois bem, ela é a mais famosa fórmula da Teoria da Relatividade, tão famosa quanto o próprio Einstein. Por algum motivo caiu na graça do povo.

A fórmula diz que a energia, em Joules, é igual à massa vezes a velocidade da luz ao quadrado. Chamamos, na física, de equivalência-massa energia. Isso é muita energia. Compare os dois exemplos abaixo.

Vamos comparar a energia de uma grama de átomos à energia de um UNO (isso, o carro). Um uno tem cerca de mil kg. Ao se mover a 120 km/h, portanto, ele terá uma energia cinética aproximada de 555 Joules. Essa é a energia necessária para movê-lo a essa velocidade, tirada do combustível.

Agora vamos aos átomos. Uma grama é igual a 0,001 kg. A velocidade da luz é de 300 milhões de metros por segundo. A energia que se pode retirar de apenas uma grama de qualquer átomo, ao abrí-lo, portanto, é de 300 mil Joules.

E o que isso tem a ver com uma bomba atômica?

Uma bomba atômica funciona por um processo chamado de fissão nuclear. Na fissão, você simplesmente divide o átomo em dois. Por isso, precisa de materiais radioativos. 

É parecido com o funcionamento de uma usina nuclear, com a diferença de que bombas utilizam plutônio, e usinas urânio. Sim, uma usina nuclear é, portanto, como uma bomba nuclear controlada.

Você lança, nos átomos radioativos, nêutrons, que fazem com que os primeiros átomos de dividam. Isso gera uma reação em cadeia e os outros átomos passam a se dividir também, continuando a reação.

A bomba de hidrogênio, por sua vez, chamada de bomba termonuclear, é como uma simulação do Sol, no entanto. Ela funciona por meio da fusão nuclear, reação que ocorre no interior das estrelas.

Para que a pressão e energia necessária sejam atingidas, entretanto, os engenheiro utilizam uma bomba de fissão. Nesse caso, a bomba atômica serviria apenas de estopim, e o poder vem do hidrogênio.

A fusão funciona da seguinte forma: você joga dois átomos de hidrogênio um contra o outro. Geralmente se utiliza deutério e trítio, dois isótopos do hidrogênio. A reação libera energia e um nêutron isolado. O resultado é um átomo de hélio.

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O deutério e o trítio são como o hidrogênio com mais nêutrons. O núcleo do hidrogênio possui apenas um próton. O núcleo do deutério, por sua vez, um próton e um nêutron, e o do trítio, um próton e dois nêutrons.

A física é bonita, mas como arma é péssima

Então, qual é a diferença entre uma bomba atômica convencional e uma bomba de hidrogênio? Como você pode ver, a diferença está simplesmente na forma como se retira energia dos átomos.

Bombas nucleares são ruins, muito ruins. Há quem diga que potências inimigas possuindo armas, a balança se equilibra e ninguém ataca ninguém. No entanto, uma guerra nuclear seria catastrófica, e é difícil correr esse risco.

Ademais, o Brasil é um país que, durante a ditadura, chegou a desenvolver a tecnologia para bombas atômicas. Na década de 1990, entretanto, o Brasil renunciou às armas nucleares, e utiliza essa energia somente para fins pacíficos. 

Com informações de Stanford e Britannica.

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