Pterossauros podem ser inspiradores para a engenharia de aviação

Rafael Motta
Imagem: Mundo Pré-Histórico

Os paleontólogos ainda não sabem ao certo como os pterossauros voavam. Contudo, existem duas teorias que norteiam esse mistério: a do voo ativo e a do voo passivo.

Na teoria do voo ativo, eles batiam suas asas para se impulsionar no ar, como os pássaros, uma vez que eles teriam músculos fortes o suficiente para isso; na do voo passivo, eles planavam de maneira acrobática, tal como os morcegos. Pode ser, inclusive, que eles voassem por meio de técnicas ativas e passivas de voo.

Além disso, o formato estreito e longo de suas asas fazia com que eles planassem facilmente. Seus ossos leves tornavam as viagens aéreas ainda mais naturais.

Pterossauros não são dinossauros, apesar dos nomes serem levemente parecidos e de terem certas características biológicas similares. Eles apareceram na Terra há cerca de 243 milhões de anos e coexistiram com os dinossauros por um longo tempo.

Curiosamente, certas características dos pterossauros podem ser inspiradoras para especialistas em engenharia de aviação criarem soluções inteligentes e inovadoras. 

Projeto piloto

O Smithsonian National Air and Space Museum lançou, em 17 de maio de 1986, seu primeiro réptil voador na Andrews Air Force Base. Era uma réplica de metade do tamanho de um Quetzalcoatlus northropi, imenso espécime extinto que fora descoberto apenas uma década antes do experimento.

Intitulado “Ornitóptero”, o projeto consistia em simular a forma como o pterossauro voava. Paul MacCready, então líder do projeto, disse à época ao Los Angeles Times que passou por diversas dificuldades, como uma série de acidentes antes de fazer a aeronave alcançar os céus.

O protótipo, inclusive, participou das gravações do filme On The Wing, onde voou com sucesso por uma região desértica. Acontece que, durante um tour na base aérea, um desastre sem precedentes aconteceu: o pescoço do réptil mecânico se quebrou e, com isso, 300 mil pessoas testemunharam o seu fracasso.

Apesar do incidente, Russell Lee, curador do Smithsonian National Air and Space Museum, alegou que o réptil artificial deveria fazer parte do acervo da instituição. Tratava-se, afinal, de uma parte importante da história da aviação: esse pensamento, anos depois, virou inspiração para outras aplicações bem interessantes.

Pterossauros em Marte?

Estudiosos acreditam que é possível criar espaçonaves inspiradas no design dos pterossauros e fazê-las circular por Marte. O planeta vermelho, diga-se de passagem, é um dos principais destinos fora da Terra que o magnata Elon Musk deseja colonizar.

As razões que levam cientistas a apostar em tais espaçonaves são muitas. Uma delas se refere ao formato das asas membranosas dos pterossauros, que são muito eficientes em termos de sustentação e peso. Devido à sua leveza, espera-se que esses veículos sejam mais facilmente manobráveis em Marte.

Além disso, este tipo de estrutura permite um transporte otimizado de cargas pesadas. Isso é especialmente interessante nas primeiras etapas de um possível processo de colonização, ou mesmo para acelerar o processo de pesquisa do planeta.

Pterox e Martian Glider são alguns exemplos de protótipos de aeronaves cujas asas foram inspiradas na aerodinâmica dos pterossauros. Apesar de ainda estarem em desenvolvimento, ambas as tecnologias têm grande potencial para revolucionar a exploração marciana.

Apesar de os cientistas não estarem mais buscando aeronaves que tenham o mesmo formato da criatura, ainda é possível aprender com sua aerodinâmica e criar soluções inteligentes para o futuro. Ainda que extintos, os pterossauros continuam ensinando muitos “truques” à humanidade.

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