James Webb tira foto poderosa de um exoplaneta

A foto mais nítida de um planeta fora do Sistema Solar já tirada!

Felipe Miranda
Imagem: Aarynn Carter (UCSC)

Foi divulgada pela NASA a primeira foto de um exoplaneta tirada pelo Telescópio James Webb. O James Webb é um telescópio da NASA que foi lançado para servir de sucessor do velho e cansado Telescópio Espacial Hubble.

O James Webb é muito mais poderoso do que o Hubble, em termo de equipamentos, já que é bem mais moderno. Além disso, ele foi posicionado em um local melhor do que o Hubble, que está bem mais próximo da Terra. O novo telescópio está em um dos pontos de Lagrange entre o Sol e a Terra – um ponto gravitacionalmente estável entre os dois pontos.

Enquanto Hubble está a uma órbita que fica na casa dos 500 km de distância da Terra, James Webb está a 1,5 milhão de km – 4 vezes mais distante da Terra do que a Lua. Esta é, por diversos motivos, uma posição muito mais vantajosa do que o Telescópio Espacial Hubble.

Uma das missões do Telescópio Espacial James Webb é justamente investigar os exoplanetas e possíveis exoplanetas com a existência de vida pelo universo.

Veja a primeira foto de um exoplaneta tirada pelo James Webb

A imagem divulgada no dia primeiro de setembro pelos astrônomos compreende o exoplaneta HIP 65426 b – um exoplaneta a quase 400 anos-luz de distância da Terra. O planeta é bastante “pesado” – possui entre seis e doze vezes a massa de Júpiter. Trata-se de um planeta muito jovem, com cerca de 15 e 20 milhões de anos.

primeira foto de um exoplaneta tirada pelo James Webb
O planeta visto em 4 bandas diferentes da luz infravermelha. Imagem: NASA/ESA/CSA, A Carter (UCSC), a equipe ERS 1386 e A. Pagan (STScI)).

Para efeitos de comparação, a Terra possui 4,5 bilhões de anos. Com uma órbita de cerca de 630 dias terrestres, o planeta está 100 vezes mais longe de sua estrela do que a Terra está do Sol.

Os pesquisadores publicaram um artigo que descreve o primeira foto de um exoplaneta tirada pelo James Webb no repositório arXiv. O artigo ainda não foi revisado por pares.  

“Este é um momento transformador, não apenas para Webb, mas também para a astronomia em geral”, disse em um comunicado da NASA Sasha Hinkley da Universidade de Exeter, no Reino Unido.

O HIP 65426 b foi descoberto em 2017 por astrônomos do Very Large Telescope, no ESO (Observatório Europeu do Sul), localizado no Chile. Eles utilizaram um equipamento chamado SPHERE, um instrumento de óptica adaptativa focado especialmente no estudo de exoplanetas.

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SPHERE. Imagem: ESO

Grandes desafios

Ser a primeira foto de um exoplaneta tirada pelo James Webb não é o único ponto interessante da história. Há mais.

Naquele momento, em 2017, o SPHERE não conseguiu nos trazer uma resolução tão grande, nem tantos detalhes assim. O instrumento é alocado em solo. Portanto, a atmosfera causa certas distorções nas imagens. Como James Webb está no espaço, em uma boa localização, consegue enxergar o planeta em uma amplitude maior do espectro infravermelho do que o equipamento do VLT, além de outros espectros de luz.

Além disso, James Webb possui um coronógrafo, que é um filtro que bloqueia a luz das estrelas. Dessa forma, a estrela que HIP 65426 b orbita, não causa uma distorção tão grande na observação. No espectro infravermelho, o planeta é cerca de 10 mil vezes mais fraco do que a estrela – já que o brilho dos planetas vem da reflexão do brilho das estrelas.

“Foi realmente impressionante o quão bem os coronógrafos Webb trabalharam para suprimir a luz da estrela hospedeira”, diz Hinkley.

À Quanta Magazine, Hinkley descreveu o planeta como “um vagalume em torno de um holofote”.

“Obter esta imagem foi como cavar um tesouro espacial”, disse Aarynn Carter, pesquisadora da Universidade da Califórnia. A pesquisadora liderou o estudo que analisou as imagens do James Webb.  “No início, tudo o que eu conseguia ver era a luz da estrela, mas com um cuidadoso processamento de imagem consegui remover essa luz e descobrir o planeta”.

“Acho que o mais empolgante é que estamos apenas começando”, diz Carter. “Há muito mais imagens de exoplanetas por vir que moldarão nossa compreensão geral de sua física, química e formação. Podemos até descobrir planetas anteriormente desconhecidos também”.

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