Injeções são melhores do que pílulas para prevenir o HIV em mulheres

Amanda dos Santos
(Liz Masoner/Pixabay)

As mulheres enfrentam obstáculos ao utilizarem o medicamento para prevenir o HIV chamado PrEP. Em todo o mundo, quase metade das novas infecções por HIV entre adultos em 2019 ocorreram em mulheres.

Mesmo assim, uma longa lista impede as mulheres de aproveitarem as vantagens dos medicamentos que podem prevenir a infecção pelo HIV. Por isso, notícias recentes e promissoras sobre um regime diferente de prevenção podem ajudar. É uma injeção de longa duração de um medicamento administrada uma vez a cada oito semanas.

Ela foi considerada segura e mais eficaz para prevenir o HIV em mulheres do que uma pílula diária de dois medicamentos, descobriu o ensaio clínico.

Mulheres e a prevenção do HIV

Isso é incrivelmente empolgante, diz a médica infecciosa Bisola Ojikutu, do Brigham and Women’s Hospital e do Massachusetts General Hospital, em Boston. A médica não esteve envolvida no estudo, mas relatou que, se a injeção for aprovada pela Food and Drug Administration dos EUA, as mulheres terão essa opção como uma droga para a prevenção do HIV administrada discretamente e que não requer atenção diária.

Embora as mulheres constituam uma minoria dos recém-diagnosticados com HIV nos Estados Unidos, sua taxa de mortalidade relacionada ao HIV (5,4 por 1.000 pessoas com o diagnóstico) foi maior do que a dos homens (4,5 por 1.000). Foi maior também em comparação a mulheres transexuais (4,3 por 1.000) em 2017, segundo o relato dos pesquisadores no Morbidity and Mortality Weekly Report.

teste HIV
Uma mulher em Moçambique fazendo o teste de HIV em 2014. (GIANLUIGI GUERCIA)

Infelizmente, as mulheres enfrentam muitas barreiras quando se trata de prevenir o HIV. O risco da infecção de uma mulher está ligado não apenas a medidas sob seu controle, mas também à quantidade de transmissão do HIV em sua comunidade. Depende se ela tem cuidados de saúde confiáveis e se vive na pobreza. Ou ainda se sofre violência pelo parceiro íntimo.

Mas estudos descobriram que mulheres com alto risco devido a fatores sociais tendem a subestimar seu risco individual. A maioria das mulheres cisgênero adquirem o HIV durante o contato heterossexual e têm o dobro do risco que os homens de contrair HIV durante o sexo vaginal com um parceiro infectado.

Injeções de longa duração para prevenir o HIV

Portanto, o medicamento para prevenir o HIV em uma pessoa com risco de infectar-se, chamado de profilaxia pré-exposição ou PrEP, foi aprovado nos Estados Unidos em 2012. Ele precisa ser administrado de forma consistente como comprimido diário.

O medicamento PrEP pode reduzir o risco de contrair a infecção durante o sexo vaginal em até 90% e até 99% durante o sexo anal. Mas, para mulheres, seguir a rotina diária para tomar a pílula pode ser um desafio, devido aos efeitos colaterais da medicação ou por causa do estigma, descobriram os estudos. Ojikutu relatou que a maioria de suas pacientes com HIV não contou a ninguém.

Esse estigma pode estender-se à pílula PrEP. Logo, ter uma forma mais discreta de administrar a PrEP, como uma injeção infrequente, é atraente para muitas mulheres.

Concluindo, os participantes do ensaio foram aleatoriamente designados para receber a injeção do fármaco cabotegravir para o HIV uma vez a cada oito semanas e uma pílula placebo diária ou injeção de placebo no mesmo horário. Além de uma pílula de PrEP diária.

Os resultados provisórios foram bons e a injeção reduziu as infecções em 89% em comparação com a pílula.

O estudo científico foi publicado no periódico National Institutes of Health.

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