Preço dos alimentos é um dos maiores da história. Saiba por quê

Mudanças climáticas estão diretamente ligadas ao aumento do preço global de alimentos.

Daniela Marinho
Preço global de alimentos é um dos maiores de todos os tempos. Imagem: Canva

A crise ambiental pela qual a Terra vem passando influencia diretamente e negativamente na vida das pessoas. Nesse sentido, o preço global de alimentos é um dos maiores de todos os tempos. Qual é, então, a relação entre carestia de comida e meio ambiente? Em geral, a ação climática e as preocupações econômicas são abordadas como contrárias, mas em muitos casos, o que se pode perceber, é que se tratam da mesma coisa – ou do mesmo problema.

Além disso, outros fatores, como a pandemia pela Covid-19, a inflação e o preço dos combustíveis também contribuem para o aumento dos preços de alimentos básicos.

O preço global de alimentos é um dos maiores de toda a história moderna

De acordo com dados da Agência das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, a FAO, no final de 2021, o preço global de alimentos subiu quase 33% em comparação ao mesmo período do ano anterior.

A informação foi fornecida por meio do índice de preços de alimentos que registra o resultado das alterações combinadas com relação aos preços de variados alimentos, como carne, açúcar, vegetais, arroz e outros.

Essas alterações de preços são comparadas todos os meses. Desse modo, o índice converte os preços que são praticados na atualidade e os compara aos preços médios entre 2002 e 2004. Conhecidos como preços nominais, eles são os preços dos alimentos e ajustados conforme a inflação.

Inflação e o aumento do preço global de alimentos

Os preços nominais dizem o custo do alimento no mercado. Contudo, os preços “reais” assim chamados pelos economistas e que dizem respeito aos preços ajustados pela inflação são mais específicos e relevantes para determinar a dificuldade ou facilidade com que as pessoas podem arcar com sua nutrição.

Nesse contexto, a inflação tem uma enorme contribuição para o aumento do preço global de alimentos, uma vez que ela significa que as pessoas têm de pagar mais pelo alimento, mas a renda mensal não aumenta em termos de proporcionalidade. Além de pagar mais pela comida, ainda precisam pagar mais por todas as outras coisas.

Tendo como base os preços reais, é ainda mais difícil comprar alimentos no exterior. Isso significa que não apenas o Brasil vem passando por insegurança alimentar, mas praticamente todo o globo. Países como Espanha, Portugal, Itália, Estados Unidos e até mesmo a China também possuem recordes em se tratando de aumentos do preço global de alimentos. O que todos eles [e nós] têm em comum?

Altas temperaturas têm aumentado preço global de alimentos

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Mudanças climáticas contribuem para o aumento da inflação e consequente aumento do preço global de alimentos. Imagem: Canva

Determinar um único fator pelo aumento do preço global de alimentos é complexo e pode gerar um resultado equivocado, pois há diversas causas impulsionadoras para isso que dependem da região e do produto específico. Entretanto, desde os anos 2000, o FAO tem destacado um aspecto que parece relevante: o clima.

Dessa maneira, o clima tem sido retratado consideravelmente como “imprevisível” e “desfavorável” como causa de “expectativas de safra reduzidas”, “safras afetadas pelo clima” e “declínio da produção”.

A mudança climática, então, está diretamente ligada ao aumento do preço global de alimentos. Como? Pelo fato de que o clima impulsiona a inflação. Segundo um relatório do Banco Central Europeu de 2021, os pesquisadores examinaram as evidências de que temperaturas anormais podem impulsionar a inflação.

Observando as temperaturas sazonais e os indicadores de preços em 48 países, eles descobriram que os verões quentes tiveram “de longe o maior e mais duradouro impacto” nos preços dos alimentos. O efeito durou quase um ano e foi especialmente perceptível nos países em desenvolvimento.

“Descobrimos que as temperaturas mais altas nas últimas décadas tiveram um papel não negligenciável na condução da evolução dos preços”, concluíram os autores.

Conclui-se, portanto, que a mudança climática também está se tornando um fator de inflação. Especialistas estão alertando que calor, enchentes, secas, incêndios florestais e outros desastres estão causando estragos econômicos.

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