Pombos guiaram mísseis durante a Segunda Guerra Mundial

Lorena Franqueto
Imagem: Wikemedia Commons

Durante a Grande Guerra (1914-1919), batalhões utilizaram cachorros como forma de transporte de suprimentos. Já na Segunda Guerra Mundial, outro animal foi destaque nas tecnologias e medidas de batalha. O behavorista B. F. Skinner desenvolveu bombas guiadas usando pássaros em seu Projeto Pigeon. Com essa atuação, pombos guiaram mísseis durante o conflito.

Com intuito de reduzir o uso de pilotos humanos, Skinner desenvolveu uma espécie de aeronave no formato de cone de nariz, mas contendo uma carga altamente explosiva. Assim, as aves seriam utilizadas para encontrar o alvo do míssil, mas sem colocar em risco a vida de civis. Para o criador, sua metodologia impediria que aviões afundassem com os seus pilotos, como era o caso dos kamikazes.

O projeto dos pombos guiando mísseis

Primeiramente, em 1937, o pesquisador utilizou uma técnica de condicionamento operante para treinar os pássaros. Ou seja, garantir uma mudança no comportamento dos pombos através do fornecimento de recompensa quando o mesmo decidia corretamente.

Surpreendentemente, o projeto recebeu mais de 25 mil dólares do Comitê de Defesa Nacional para realizar as pesquisas e os testes. Logo após o treinamento, os animais eram responsáveis por bicar janelas para mudar o curso do míssil. Porém, para isso os bicos dos pombos sofreram uma modificação, através da adição de uma peça de metal.

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Skinner com um pombo.

Cada cone tinha três dessas janelas, onde eram ‘instaladas’ as aves. Dessa forma, caso todos bicassem na mesma direção a aeronave recalculava sua rota para a mais indicada.

Contrariamente aos bombardeios guiados por avião, nos quais era impossível guiar a ogiva até o local do pouso, os pombos conseguiriam. Uma vez que não, se bastasse todo o risco, os mesmos ainda teriam cabos presos em sua cabeça para condução mecânica do míssil. Por isso, quando bem treinados, os pássaros eram extremamente úteis em guiar os mísseis.

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Imagem: Wikemeia Commons

Em entrevista para o History Net, o autor explicou que a ideia surgiu quando ele viu os pássaros voando ao lado de um trem. Skinner disse ter pensado: “Eles não poderiam guiar um míssil? A resposta para o problema estava esperando por mim no meu próprio quintal?”.

Qual foi o resultado?

A criatividade, durante a guerra, foi um dos principais requisitos entre os países, já que cada um deles criou diferentes tecnologias para atingir ou destruir as tropas inimigas. Mesmo com os resultados positivos dos seus testes, Skinner teve seu projeto cancelado em 1944, graças ao ceticismo de muitos oficiais e o possível atraso de outros projetos relevantes.

Ainda assim, a Marinha retomou a ideia em 1948 com o Projeto Orcon, para controle orgânico. Porém, os pombos não guiaram mísseis durante a guerra porque em 1953 veio o cancelamento desse novo projeto.

Por fim, Skinner abandonou a área e consagrou-se com uma carreia brilhante de psicólogo. Inclusive, na América do Norte, ele é reconhecido como o “pai do condicionamento operante”.

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