Pesquisadora brasileira bate recorde de internet em fibra óptica

Matheus Gouveia
Pesquisadora Lídia Galdino. (Imagem: James Tye/UCL)

Uma pesquisadora brasileira bateu recorde de velocidade de internet usando fibra óptica. A cientista, em seu trabalho, conseguiu uma conexão de quase 200 Tb/s (Terabits por segundo). Com essa velocidade, seria possível baixar mil filmes de tamanho Blu-ray (25 GB) em apenas um segundo.

Recorde de velocidade de internet batido por brasileira

Segundo especialistas, o feito terá utilidade na próxima geração da internet móvel, o 5G. Além disso, tem grande potencial de aplicação em manipulação de dados. A engenheira brasileira Lídia Galdino, residente em Londres, foi a líder da pesquisa, realizada durante dois anos por cientistas da University College London (UCL). O artigo foi publicado na revista IEEE.

Lídia Galdino no laboratório
Pesquisadora Lídia Galdino no laboratório.

Em média, as melhores conexões por fibra ótica disponíveis hoje são de cerca de 60 Tb/s. A conexão estabelecida pelos pesquisadores, igual a 178 Tb/s, é cerca de três vezes mais rápida. Ela bateu o recorde anterior de 150 Tb/s alcançado por pesquisadores japoneses.

Como alcançar a supervelocidade

A fibra óptica é um material fabricado a partir de vidro. Tem aplicação como um condutor de alto rendimento, para transmissão de sinais na internet. É um material que não sofre com interferências eletromagnéticas, e, por isso, ele é muito importante nos sistemas de comunicação e dados.

Em 1949, o matemático Claude Shannon definiu um limite teórico de velocidade de transmissão de dados. A velocidade alcançada nessa pesquisa chega perto do valor teorizado. Para ter uma noção, no Brasil o tempo médio estimado para baixar mil filmes HD é de cerca de 40 dias – mais de um mês. Mas, com a conexão da pesquisa, um mero segundo seria suficiente para transmitir essa quantidade gigantesca de dados.

Para conseguir essa velocidade, os pesquisadores trabalharam em hardware e em software. Eles conseguiram então criar uma tecnologia capaz de otimizar os sinais e corrigir inconsistências. Segundo Galdino, os cabos de fibra ótica precisam de amplificadores com intervalos específicos para que os sinais mantenham qualidade. Portanto, a equipe de pesquisadores desenvolveu um amplificador de sinal aprimorado.

Quanto ao software, otimizou-se a codificação dos dados. Dessa maneira, aproveitou-se com mais eficiência as propriedades da luz, como brilho e polarização dos comprimentos de onda. Como resultado, a velocidade de cada comprimento de onda melhorou muito.

Assim, ao combinar essas duas tecnologias, desenvolvidas pela equipe, foi possível alcançar o impressionante recorde.

Aplicação da tecnologia no futuro

Apesar de não se voltar para aplicação residencial, essa velocidade pode ter utilidade para atender a crescente demanda de internet. A pesquisadora explicou que uma transmissão de dados mais eficiente é importante para atender o maior consumo.

Esse assunto é ainda mais relevante nos tempos de pandemia atuais. Com o coronavírus, cada vez mais pessoas passaram a usar a internet simultaneamente. Muitas pessoas passaram a fazer chamadas de vídeo e ficar mais tempos nas redes sociais. Além disso, no ensino, muitos alunos estão assistindo aulas online. O padrão de consumo de internet no Brasil mudou drasticamente devido ao isolamento social.

Por fim, espera-se que no futuro seja possível a conexão de um número enorme de dispositivos interligados, numa rede chamada Internet das Coisas (IoT). A nova internet móvel, o 5G, provavelmente terá velocidade máxima de cerca de 10 Gb/s (Gigabits por segundo).

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