Países ricos são os principais responsáveis ​​pelo colapso ecológico

SoCientífica
Garimpo de ouro na região do Alto Tapajós, na Amazônia paraense. Imagem: Gustavo Basso/National Geographic

O colapso ecológico está sendo causado em grande parte pela extração global de recursos, que aumentou rapidamente ao longo do último meio século e agora excede dramaticamente os níveis seguros e sustentáveis. Uma nova pesquisa fez o levantamento dos principais responsáveis por essa mudança abrupta no planeta Terra.

Segundo o antropólogo espanhol Jason Hickel, da Universitat Autònoma de Barcelona (Espanha), “os resultados mostram que os países ricos são os principais culpados do colapso ecológico global e, portanto, têm uma dívida ecológica com o resto do mundo”.

Jason Hickel é coautor do estudo que analisa 50 anos de exploração dos recursos naturais no mundo. O trabalho foi publicado em abril de 2022, na revista The Lancet Planetary Health. Os resultados evidenciam uma clara desigualdade de responsabilidade pelo esgotamento dos recursos naturais.

Os principais vilões

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Estados Unidos, União Europeia e China são os principais vilões, respectivamente.

A análise calculou a proporção de superação da “parte equitativa dos limites de uso sustentável” dos recursos naturais para cada país. Para isso, os autores determinaram uma espécie de “corredor de sustentabilidade”, um limite global seguro e sustentável medido em gigatoneladas de material minerado.

Os autores concluíram que, entre os anos 1970 e 2017, nada menos que 74% do excesso global na extração de recursos vem de países de alta renda. Um total de 2,5 trilhões de toneladas de recursos foram extraídos entre 1970 e 2017 por países de renda alta e média. Dentro desse número, 1,1 trilhão de toneladas ultrapassam o corredor de sustentabilidade.

A superação diz respeito principalmente aos Estados Unidos (até 27%) e à União Europeia (que representa 25% do valor total). A China, por outro lado, ocupa o segundo lugar no mundo com 15% do uso excessivo de recursos. 

“Essas nações devem tomar a iniciativa de reduzir radicalmente o uso de seus recursos para evitar maior degradação, o que provavelmente exigirá abordagens transformadoras de pós-crescimento e decrescimento”, alertou Jason Hickel.

Os autores insistem ainda mais porque observam nos números um aumento no uso global de recursos naturais: desde 2017, a economia mundial consome mais de 90 bilhões de toneladas de materiais por ano.

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