Países começam a debater se vale a pena explorar petróleo na Amazônia

Damares Alves
Imagem: Getty Images

As metas do Acordo de Paris exigem reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 43% até 2030, segundo o IPCC. A exploração de petróleo, especialmente em áreas florestais densas como a Amazônia, contradiz esse objetivo. Esses ecossistemas capturam carbono, regulam o clima global e abrigam grande biodiversidade.

A floresta amazônica é desafiadoramente compartilhada por nove países: Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Peru, Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa. Todos eles enfrentam a difícil decisão de prosseguir ou interromper a exploração de petróleo e gás no bioma.

Na Amazônia brasileira existem 451 projetos potenciais para produção de petróleo. Quando consideramos todos os países amazônicos, o número salta para pelo menos 840. O levantamento foi feito pelo Instituto Internacional Arayara.

Investir em petróleo e gás na região apresenta alto risco financeiro temporal. Os projetos demoram anos para gerar resultados e prevê-se que a demanda global por petróleo atingirá seu pico em 2028.

O caso do Equador

O Equador é notável nesse contexto porque é o país que mais explora petróleo na Floresta Amazônica. Seus poços produzem anualmente 194 milhões de barris de óleo cru – uma atividade que vale mais de US$7 bilhões ao ano.

Porém essa lucratividade tem um custo ambiental expressivo. Em 2020 um deslizamento danificou oleodutos derramando cerca de 15 mil barris nos rios da Bacia Amazônica.

Em agosto deste ano os equatorianos decidirão por meio do referendo se continuarão explorando o bloco 43-ITT no Parque Nacional Yasuní, um dos locais mais ricos em biodiversidade do mundo.

O caso do Peru

A tendência benigna das atividades petrolíferas no Peru inverteu-se recentemente com um interesse renovado nos seus recursos petrolíferos. Isso resultou num aumento da área designada para futuras operações petrolíferas, subindo para 31% da região amazônica peruana.

Os vazamentos são um problema social grave para várias comunidades peruanas, entre os anos de 2000 a 2019 foram registrados quase quinhentos derramamentos nos campos petrolíferos da Amazônia peruana.

Posicionamento da Colômbia

Num gesto positivo que pode influenciar outros países amazônicos a seguir seu exemplo, a Colômbia anunciou que não fechará mais contratos novos para exploração de petróleo e gás. Esta declaração ocorreu no Fórum Econômico Mundial em Davos deste ano pela ministra Irene Vélez.

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