Os cientistas querem construir um telescópio de Arecibo novo e muito diferente

Rafael D'avila

O telescópio de Arecibo simplesmente desabou, mas antes disso já foi ‘taxado’ de vários nomes. Transmissor de alienígenas, mapeador de asteroides, berço para cientistas, localizador de pulsar, dentre muitas outras coisas, porém, agora nada mais existe.

Desde que tudo aconteceu, os profissionais envolvidos analisaram o que deu de errado para impedir futuras tragédias, mas querem lançar um novo telescópio de Arecibo. “Eu pessoalmente acho que este foi o primeiro corte; ou seja, isso foi feito após o colapso apenas para mostrar que há opções viáveis ​​de continuar o legado da ciência fantástica no telescópio“, disse Tracy Becker, cientista planetária da Southwest Research Instituto em San Antonio e co-autor de um white paper que descreve o design.

“Não acho que esta versão tenha que ser necessariamente a aparência de uma nova versão construída”, acrescentou ela. “Ele poderia acabar se parecendo mais com o telescópio original, ou poderia parecer completamente diferente de qualquer coisa que imaginamos até agora. O objetivo principal era mostrar que poderíamos usar esse espaço e continuar aquele legado de ciência realmente poderoso”.

destroços do telescópio de Arecibo
Detalhe dos danos causados ​​pelo colapso do telescópio do Observatório de Arecibo em 1º de dezembro de 2020. (Imagem: UCF)

O legado do antigo telescópio de Arecibo e expectativas para o novo

O telescópio de Arecibo está funcionando mais como uma ‘declaração’ do que como projeto, entretanto, os cientistas não garantem se ele pode ser efetivamente concluído. “Tivemos que pensar com ousadia e pensar grande, você não inspira as próximas gerações e não serve para as próximas gerações se apenas quiser fazer o que estava fazendo”. A declaração veio de Noemí Pinilla-Alonso, vice-diretora cientista do Observatório Arecibo, ao Space.com. “Isso foi resultado de alguém que pensava ousado e grande 60 anos atrás”. Pinilla-Alonso, que também é cientista planetária da University of Central Florida, que administra o observatório, é uma das dezenas de co-autores do conceito de design.

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Plataforma científica do radiotelescópio do Observatório de Arecibo iluminada à noite. (Imagem: NAIC/ Observatório de Arecibo, uma instalação da NSF)

Os envolvidos montaram o projeto do telescópio de Arecibo dois dias após a tragédia, e isso se deve ao fato de que o processo foi um bálsamo para cientistas próximos e com fortes sentimentos pelo observatório. “Não demorou muito para que eu passasse do sentimento de tristeza, de frustração, para o sentimento de ‘Estamos fazendo algo bom. Estamos trabalhando, estamos progredindo'”, disse Pinilla-Alonso.

“Arecibo era uma espécie de instrumento grande e rombudo e, se as coisas fossem perfeitas, ainda funcionaria”, explicou Mike Nolan, cientista planetário da Universidade do Arizona, ao Space.com. “À medida que você fica cada vez mais sofisticado, contudo, isso é menos verdadeiro”.

Agora, os envolvidos estão em busca de financiamento para que o projeto do telescópio de Arecibo finalmente possa sair do papel. “Estou otimista – acho que quando você tem os recursos certos em um instrumento e os objetivos de missão operacional e científica corretos, sendo assim, é muito mais fácil encontrar financiamento para algo”, finalizou Nolan.

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