Os “cães misericordiosos” da Primeira Guerra Mundial

Lorena Franqueto
Representação de um "cão misericordioso" durante o período da guerra. Imagem: Biblioteca do Congresso na Itália via All That Interesting

Todos conhecem o ditado “o cão é o melhor amigo do homem”, mas poucos sabem o grande papel desses animais na guerra. Os “cães misericordiosos” da Primeira Guerra Mundial, os quais viviam nas perigosas trincheiras, são um grande exemplos disso.

O termo “cães misericordiosos” é a tradução literal para “mercy dogs“, sendo este segundo uma tradução da palavra “Sanitätshunde” do alemão. Porém, também podemos usar o termo “cães médicos” para contar esta história. Todas essas nomenclaturas norteiam a explicação sobre esses cachorros inteligentes e bem treinados.

Durante a 1ª Guerra Mundial, os mercy dogs nada mais eram que caninos responsáveis pela prestação de assistência aos soldados feridos. Bem como, transmitir alívio e conforto para aqueles que salvavam a pátria.

O uso de cães durante batalhas não é uma novidade, uma vez que os próprios murais do Antigo Egito retratavam esses animais em guerras. Assim como há descrições do uso de cachorros em guerras da Antiga Grécia.

Apesar disso, apenas em 1890 surge a ideia de realmente treinar caninos para auxiliarem o homem na guerra. Por exemplo, o alemão Jean Bungartz que fundou uma associação para mercy dogs (em alemão Deutschen Verein für Santiätshunde).

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“Cão misericordiosos” encontra soldado durante a guerra. Imagem: Wikimedia Commons via History of Yestarday

Cinco anos depois, na Grã-Bretanha, o major Edwin Richardson descobriu uma revenda de cachorros ingleses para a Alemanha e, anos mais tarde, criou uma escola para treinar os animais (do inglês British War Dog School).

Inclusive, segundo algumas entrevistas da época, os cães ingleses eram treinados ao som constante de tiros e caminhões de guerra. Além disso, o treinamento também garantia que os cachorros encontrassem pessoas escondidas.

O papel dos “cães misericordiosos” na Primeira Guerra

As atribuições desses animais eram diversas na guerra, desde o socorro até o transporte de cargas. Cabe ressaltar que, em quatro anos de conflito, estimativas indicam um uso de mais de 50 mil cachorros em ambos os lados das batalhas.

Geralmente, os mercy dogs carregavam água, álcool e materiais de primeiro socorros. Mas a atividade ainda mais surpreendente era a capacidade desses caninos de encontrarem soldados feridos nos locais conhecidos como “terra de ninguém”. E, supreendentemente, os cachorros ignoravam soldados inimigos que estivessem feridos!

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Imagem dos cães com seus treinadores. Imagem: Australian War Memorial via All That Interesting.

Além disso, em alguns casos, os “cães misericordiosos” da primeira guerra também eram capazes de guiar os médicos até o local em que se encontravam os soldados feridos.

Por fim, esses animais ainda ofereciam conforto e companhia para pessoas à beira da morte, garantindo que não sofressem sozinhos. Por isso, os cães foram considerados misericordiosos.

A relação atual com os “cães misericordiosos”

Mesmo considerados símbolos do patriotismo, infelizmente, a grande maioria desses animais morria durante as suas ações. Já os sobreviventes, sofreriam com estresse pós-traumático.

Atualmente, enquanto alguns locais preservam o uso dos mercy dogs em batalhas, outros países usam os animais como forma de terapia.

Conhecida como “terapia com cachorros”, ela oferece muito menos risco para os animais e, agora, usa o poder “curativo” dos carinhos e lambidas. Felizmente, inúmeros veteranos de guerra têm seus traumas amenizados graças ao conforto de um animal.

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