O segredo dos lagartos que sobrevivem no ecossistema mais quente da Terra

Mateus Marchetto
Imagem: GregMontani / Pixabay

As temperaturas na superfície da areia do Deserto de Lut podem passar de 65°C durante o dia. Ainda assim, o ecossistema mais quente da Terra, que fica no sudeste do Irã, abriga pequenos lagartos da família dos gecos (Rhinogecko misonnei).

Acontece que pesquisadores podem ter encontrado uma das chaves da sobrevivência destes animais em um ambiente tão extremo: a diversidade. Após analisarem o sistema digestivo destes gecos, pesquisadores encontraram o DNA de 94 espécies diferentes de animais, entre moscas, mariposas e aranhas, por exemplo.

De acordo com a pesquisa, publicada no periódico Journal of Zoological Systematics and Evolutionary Research, a equipe de autores utilizou uma técnica chamada DNA metabarcoding. Como o nome indica, a tecnologia usa códigos semelhantes a códigos de barras, presentes no DNA, para identificar espécies.

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Imagem: aiamkay / Pixabay

Comparando os resultados dos intestinos dos lagartos com aqueles presentes em bancos de dados, os pesquisadores puderam identificar a ampla gama de presas do geco.

Dentre o DNA encontrado, foi possível ainda identificar três filos. O primeiro foi o filo Chordata, representando mais de 55% do DNA (mais de 99% deste material era do próprio lagarto). Ainda, em torno de 44% do DNA pertencia ao filo Arthropoda (insetos, aracnídeos e crustáceos) e pouco menos de 1% ao filo Annelida (minhocas e vermes anelídeos).

A comida destes lagartos é importada

Segundo a pesquisa, por conseguinte, 81% dos almoços dos gecos do Deserto de Lut vêm de fora do deserto. Estes animais, portanto, são majoritariamente insetos alados que migram das bordas mais temperadas do deserto para o hábitat destes pequenos lagartos.

Assim, vespas, mariposas e moscas foram os principais animais de fora do deserto. Apesar disso, a dieta destes répteis conta também com mariposas e aranhas que habitam as regiões mais quentes do deserto, assim como seus predadores.

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Imagem: 6689062 / Pixabay

Ou seja, a sobrevivência dos gecos em um ambiente tão extremo depende não apenas do deserto em si, mas também da saúde dos ecossistemas ao seu redor. O especialista Robert Pringle afirma, ao Science News: “O movimento de insetos de fora da área imediata subsidia os gecos e os ajuda a persistir neste ambiente extremo de deserto.”

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