Relógio do Juízo Final marca 100 segundos para meia-noite

Lorena Franqueto

O ano de 2022 marca o 75º aniversário do Relógio do Juízo Final, um instrumento hipotético, que indica o quão perto estamos da aniquilação da humanidade. Durante uma cerimônia no dia 20 de janeiro uma equipe de acadêmicos divulgou a nova marcação do relógio.

O que é o Relógio do Juízo Final?

Em 1945, Albert Einstein e outros pesquisadores da Universidade de Chicago criaram o Bulletim of the Atomic Scientists (BAS, Boletim de Cientistas Atômicos). Os mesmos, infelizmente, participaram do Projeto Manhattan, o qual criou a bomba atômica americana. Porém, dois anos após o fim da Segunda Guerra Mundial, os integrantes do comitê desse boletim ficaram assustados com os resultados do conflito e criaram o Relógio Simbólico.

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Imagem: Win McNamee/Getty Images

Assim, para dar “vida” ao relógio, a artista Martyl Langsdorf confeccionou uma bela arte desse instrumento e mesma foi estampada na capa da revista do ano de 1947.

Anualmente, um grupo de consultores, pesquisadores e especialistas em políticas avaliam o estado do mundo e indicam a localização dos ponteiros do relógio. A media que os ponteiros se aproximam da meia-noite, também está mais próximo o fim da humanidade.

Em 2020 e 2021, por exemplo, os ponteiros permanecerão a 100 segundos da meia-noite.

Durante o nascimento do relógio, as maiores ameaças contra a existência da humanidade eram as armas nucleares. Porém, nos dias atuais, os riscos mais iminentes são resultados da mudança climática. No entanto, em 2020, além do aquecimento global, uma pandemia assustou todos os cientistas.

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Imagem: makabera/Pixabay

Qual a nova atualização?

Primeiramente, desde as últimas atualizações, alguns índices perigosos preocuparam ainda mais a comunidade acadêmica. Sendo eles: aumento do nível do mar, queimadas em florestas tropicais e o risco do derretimento da conhecida “Última Área de Gelo” na Antártica.

Além disso, o mundo vivenciou uma catastrófica pandemia que matou mais de 600 mil pessoas só no Brasil. E, conforme dados Coronavirus Resource Center mantido pela Johns Hopkins University, são cerca de 5 milhões de mortes em todo o mundo.

Contudo, ainda percebemos um panorama extremamente negacionista em diversas nações, como a resistência à vacinação e o não incentivo ao uso de máscaras e distanciamento. Bem como também vivenciamos um acesso desigual a vacinas e outros recursos, o que estimula a propagação do vírus e aumenta a chance de aparecimento de novas cepas.

Sendo assim, a decisão dos cientistas foi para a manutenção dos ponteiros do Relógio do Juízo Final em 100 segundos para meia-noite. Apesar da preservação do índice, isso não expressa nenhum alívio.

Segundo alguns cientistas, durante o comunicado: “O relógio permanece o mais próximo que já esteve do fim da civilização, porque o mundo continua preso em um momento extremamente perigoso”.

Por fim, como relatório da cerimônia, os cientistas pediram para que os presidentes da Rússia e dos Estados Unidos firmem acordos para diminuir o acesso às armas nucleares até 2022.

Segue um dos pronunciamento sobre o assunto: “Ambos devem concordar em reduzir a dependência de armas nucleares, limitando seus papeis, missões e plataformas, além de diminuir orçamentos”.

Ademais, também solicita que os países construam e coloquem em prática projetos de descabonização. Em resumo, Rachel Bronson, a presidente e CEO do BAS em 2020, disse: “O perigo é alto e a margem de erro é baixa”.

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