O oceano ártico não formou gelo em outubro de 2020

Cristina Dyna
Geiras derretendo no Ártico. Imagem: Jean-Christophe André/Pexels

Apesar de ser outubro, o oceano Ártico não formou gelo como de costume. Consequentemente a situação preocupa, pois é a primeira vez na história que o Mar de Laptev não congela nessa época do ano.

O aumento do derretimento anual

O derretimento das geleiras no Ártico vem crescendo mais a cada ano. Entretanto, a situação esse ano ficou ainda pior com a presença de ondas de calor que fizeram as temperaturas aumentarem 10ºC a mais que a média. Como resultado desse verão muito quente o oceano Ártico ainda não formou gelo na sua principal região (Mar de Laptev – Sibéria).

Durante os meses de verão é normal que o gelo do oceano ártico derreta. No entanto, com o aumento do derretimento, existe uma previsão que entre 2030 e 2050 ele tenha verão sem gelo.

O caminho do gelo

O gelo formado pelo Ártico segue um caminho do inverno a primavera. Ele congela na região norte da Sibéria, se espalha pelo Mar de Laptev e derrete no Estreito de Fram (Svalbard e a Groenlândia). Consequentemente, com a formação tardia de gelo esse ano, é esperado que o gelo derreta antes de chegar ao seu destino final.

O mais importante é que durante esse trajeto o gelo carrega muitos nutrientes essenciais para vida marinha, como o plâncton. Como resultado haverá uma diminuição da retirada do dióxido de carbono da atmosfera. Portanto teremos um efeito estufa ainda maior, causando mais calor e menos gelo.

Por que o Ártico não formou gelo

O verão intenso desse ano causou o derretimento mais cedo do gelo do Mar de Laptev. Isto fez aumentar a área de água descoberta absorvendo luz do sol. Portanto, foi registrado águas com temperaturas acima de 5ºC da média. Consequentemente, com águas mais quentes, o congelamento do Ártico no inverno acaba atrasando.

O oceano ártico não formou gelo
Oceano Ártico derretido (Pikist)

O gelo que formará poderá ser fino, pois não terá tempo de engrossar. Portanto, é grande a possibilidade de um derretimento antecipado no ano que vem. Isto provocaria um próximo verão com mais águas descobertas e quentes, um congelamento ainda mais tarde no inverno e um maior efeito estufa.

O problema é um ciclo que precisa de ações urgentes. De acordo com Zachary Labe “2020 é um ano com rápidas mudanças no Ártico. Sem uma redução dos gases de efeito estufa a probabilidade de nosso primeiro verão ‘sem gelo’ continuará a aumentar em meados do século 21 “(Ifl Science, 2020).

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