Cientistas identificam o cheiro mais agradável do mundo

Dominic Albuquerque
Após descobrir o cheiro mais agradável, os cientistas agora querem entender quais efeitos os odores têm em nosso cérebro. Imagem: Pexels

Qual é o seu cheiro favorito? Você gosta de perfumes? Qual o cheiro mais agradável do mundo? A ciência aponta que a estrutura de uma molécula de odor é quem dita como nós a recebemos. Uma nova pesquisa, publicada na Current Biology, descobriu que o consenso geral do que é um cheiro “bom” ou “ruim” ultrapassa as nossas noções culturais.

“As culturas ao redor do mundo ranqueiam odores diferentes de uma maneira similar, não importa de onde venham, mas as preferências de odor tem um componente pessoal – mas não cultural”, disse Artin Arshamian, um pesquisador do Departamento de Neurociência Clínica, no Karolinska Instituet, autor do novo estudo.

A pesquisa listou olfatos de pessoas ao redor do mundo, com a ajuda de uma equipe internacional que fez as investigações, tanto em condições experimentais como em campo. Os donos dos olfatos em investigação eram de diferentes origens, inclusive de alguns grupos indígenas, que tiveram pouca exposição a cheiros e alimentos de fora da sua própria cultura.

“Nós queríamos examinar se pessoas ao redor do mundo têm a mesma percepção olfativa e se gostam dos mesmos tipos de odor, ou se isso é algo que é aprendido culturalmente”, explicou Arshamian.

“Tradicionalmente era visto como algo cultural, mas podemos mostrar que a cultura tem pouco a ver com isso”.

Ao todo, 235 pessoas foram solicitadas a ranquear uma variedade de cheiros, inclusive alguns de fora da sua própria “experiência de door”, um termo que Arshamian usa para descrever a cacofonia de odores que nos cercam no dia-a-dia.

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Odores podem influenciar no comportamento e atitude dos seres vivos. Imagem: Pexels

Qual o cheiro mais agradável do mundo?

O cheiro mais agradável do mundo, segundo a pesquisa, é baunilha. Mas isso não significa que baunilha é o cheiro favorito de todo mundo que participou da pesquisa, mas que, nos rankings gerais, foi o que obteve uma aprovação universal como um cheiro bom.

No outro lado do espectro, o ácido isovalérico ocupou a pior ocupação, como o cheiro mais desagradável. Ele encontra-se em alimentos como leite de soja e queijo, mas também está presente no odor do suor dos pés.

Os resultados parecem demonstrar que, mundialmente, há certo grau de aceitação acerca de quais são os odores bons e ruins, ainda que existam diferenças individuais na “experiência de odor” de cada grupo.

Os cientistas acreditam que essas discordâncias provavelmente têm a ver com a estrutura molecular (41%), mas são mais influenciados (54%) pelo que aprendemos, ou por nossa constituição genética.

Apesar da baunilha ter vencido como o cheiro mais agradável do mundo, ainda há mais pesquisas a serem feitas. A intenção é entender o que esses cheiros “agradáveis” de fato fazem em ossos cérebros.

Segundo ele, uma possível razão para as pessoas considerarem alguns cheiros mais agradáveis do que outros, independente da cultura, é que esses odores podem ter aumentado as chances de sobrevivência durante a evolução humana.

“Agora sabemos que há uma percepção universal de odor que é dirigida pela estrutura molecular e que explica porque gostamos ou desgostamos de um certo tipo de cheiro”, Arshamian concluiu. “O próximo passo é estudar porque isso acontece, ligando esse conhecimento ao que acontece com o cérebro quando sentimos um determinado cheiro”.

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