Mulher com metade do cérebro tem habilidades de leitura acima da média

Wellington Reis
Ilustração de uma mulher lendo um livro. (Imagem: Freepik)

Todas as partes do nosso corpo, do dedo do pé aos fios do cabelo, são extremamente úteis para nós. Ficar sem um dedo já pode prejudicar muito a nossa vida. Imagine então ficar sem a metade do seu cérebro.

Foi o que aconteceu com uma jovem mulher, que nasceu sem o hemisfério esquerdo do cérebro. Contudo, ao invés de ser prejudicada, ela acabou adquirindo habilidades acima da média.

A mulher que nasceu sem metade do cérebro

O hemisfério esquerdo do cérebro é responsável pela linguagem, portanto, ficar sem ele deveria trazer sérias dificuldades para uma pessoa nessa área. Contudo, quando médicos fizeram uma varredura cerebral da garota, que aqui chamaremos de C1, eles descobriram que a jovem tinha mais do seu tecido cerebral responsável pela leitura do que a maioria das pessoas.

O hemisfério direito de C1, o único que ela possui, passou a desempenhar funções que eram do hemisfério esquerdo. Isso demonstra que o organismo da jovem se adaptou à falta do hemisfério esquerdo.

A história da jovem C1

Quando era apenas um bebezinho de 7 meses de idade, os pais de C1 notaram que ela continuou a apertar os polegares com os punhos da mão direita, algo que normalmente já não acontece nessa idade.

Quando C1, já com seus 10 meses, fez um exame de cintilografia, este revelou que, no lugar do hemisfério esquerdo do seu cérebro, havia um bolso de líquido. Depois desse exame, C1 foi diagnosticada com hemi-hidranencefalia, doença em que uma pessoa nasce sem grande parte do córtex cerebral. Essa doença é extremamente rara, existindo apenas mais nove pessoas no mundo diagnosticadas com ela.

d0bwhj web
Criança com condição rara de hemi-hidranencefalia. (Imagem: Mark Alberhasky/RGB Ventures/Alamy)

Com 14 meses, C1 foi matriculada em um projeto de pesquisa, em que cientistas da universidade de Chicago acompanharam sua vida até os 16 anos. Contudo, não foi somente ela que foi acompanhada, também foram mais 64 crianças com o cérebro dito normal e 40 outras que haviam sofrido derrame.

C1 deu a volta por cima na vida?

C1 teve suas habilidades medidas ao longo do tempo. Habilidades essas que englobavam leitura, vocabulário, matemática e raciocínio espacial. Durante os primeiros testes, ela acabou encontrando muita dificuldade, contudo, com 4 anos e meio, ela já tinha habilidades orais na média, juntamente com seu vocabulário e sintaxe.

Apesar de sua situação, C1 continuou melhorando ao longo do tempo, e chegou a superar seus colegas na capacidade de reconhecer e reorganizar sons. Do mesmo modo, ela obteve resultado acima da média na leitura.

C1, no fim das contas, não ficou para trás de seus colegas, chegando até a superá-los em alguns casos. Os cientistas chegaram à conclusão que realmente seu hemisfério direito se adaptou para realizar todas as funções que o esquerdo faria. Apesar de ter dificuldade em mover um lado do corpo, C1 se tornou um grande progresso entre pessoas com hemi-hidranencefalia.

Com informações de New Scientist.

Compartilhar