Mercúrio é um planeta com cauda. Veja como isso é possível

Amanda dos Santos
Um meteoro ou cometa? Não, é Mercúrio. (Jeff Baumgartner / Boston University)

Sim, Mercúrio é um planeta com cauda, quase como um grande e velho cometa. A cauda flui a milhões de quilômetros de distância do planeta e brilha com uma luz tênue laranja-amarela.

Isso ocorre graças à posição do planeta: ele é o planeta mais interno do nosso Sistema Solar. É menos da metade da distância de nossa estrela do que a Terra, uma distância média de 58 milhões de quilômetros.

Então, a essa longitude, o pequeno mundo denso e rochoso é constantemente banhado pela radiação solar e maltratado pelo vento solar. Por ser um planeta com uma massa tão baixa – cerca de 5,5% da massa da Terra – ele não é particularmente forte, gravitacionalmente falando. Até o seu campo magnético tem apenas 1% do da Terra.

Mercúrio é um planeta com particularidades

Portanto, o planeta não tem o que poderíamos razoavelmente nomear como atmosfera. Em vez disso, há uma fina exosfera composta principalmente de átomos de oxigênio, sódio, hidrogênio, hélio e potássio. Tudo estimulado pelo vento solar e bombardeio de micrometeoroides.

Mercúrio e sua cauda de sódio
Mercúrio e sua cauda de sódio. Reprodução do Twitter de Qiсһеng Ζһаng.

Essa exosfera está gravitacionalmente ligada ao planeta, mas muito difusa para se comportar como um gás. Ou seja, a superfície de Mercúrio é um planeta com pouca proteção contra a radiação solar e o vento solar.

Ainda mais, a radiação solar exerce pressão. Inclusive, nós aproveitamos essa pressão para impulsionar uma espaçonave equipada com uma vela, um pouco como o vento impulsiona navios à vela. Essa pressão de radiação é o que dá aos cometas as suas caudas.

Concluindo, à medida que os cometas se movem perto do Sol, o gelo dentro deles começa a se sublimar e levanta poeira ao escapar do corpo do cometa. Assim, a pressão da radiação solar empurra essa poeira em uma longa cauda, enquanto o gás é moldado pelos campos magnéticos embutidos no vento solar. Por isso, as caudas dos cometas sempre fluem para longe do Sol – não é o movimento que produz a cauda, mas a sua proximidade com a estrela.

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