Mapa interativo mostra em quais terras indígenas você vive

Daniela Marinho
Captura de tela do mapa interativo do Native Land Digital.

Fazer com que as pessoas conheçam a história por traz do território em que elas habitam é a proposta da organização sem fins lucrativos Native-Land.ca. Nesse sentido, a ONG criou uma ferramenta super interessante que fornece ao usuário informações sobre os habitantes indígenas que compartilhavam outrora a mesma terra.

No Brasil, o Dia dos Povos Indígenas é comemorado em 19 de abril. Entretanto, as problemáticas em se tratando das questões pertinentes ao tema deveriam ser tratadas constantemente em todos os níveis da sociedade, visto a usurpação dos direitos e da autonomia dos povos originários.

Ferramenta permite saber em quais terras indígenas moramos

Por meio de um mapa interativo, qualquer pessoa de qualquer lugar fica sabendo em quais terras indígenas está sua casa. A ferramenta, agora supervisionada pela Native Land Digital, uma organização sem fins lucrativos liderada por indígenas, permite que os usuários possam inserir sua cidade, estado ou CEP na barra de pesquisa do mapa para ver quais comunidades indígenas habitavam a área.

Além disso, a ferramenta conta com a opção de “rótulos de colonos”, que permite ver como o mapa corresponde às fronteiras estaduais atuais. Ao clicar nos nomes das nações indígenas, os usuários podem encontrar links para leituras relacionadas. O mapa está disponível no site da Native Land Digital ou pode ser baixado como um aplicativo móvel.

Embora a ferramenta tenha sido conhecida por muitos só agora, desde 2015 o grupo ajuda as pessoas a descobrir mais sobre a história por trás dos espaços que habitam. Os créditos pela criação do mapa interativo são de Victor Temprano.

História indígena

terras indígenas
Captura de tela do mapa interativo do Native Land Digital com os filtros de pesquisa

Inicialmente, o mapa foi desenvolvido para ser um “recurso direcionado aos colonos e não indígenas, a fim de começar a pensar sobre a história indígena de uma forma menos conflituosa”, conforme explicado por Temprano em uma entrevista concedida a Heather Dockray, do Mashable, em 2018.

Atualmente, o grupo busca melhorar a relação entre indígenas e não indígenas com as terras ao seu redor. De acordo com o site do grupo, seu objetivo é “incentivar e promover diálogos sobre a história do colonialismo, modos de conhecimento indígenas e as relações entre colonos e indígenas”.

De acordo com Christine McRae, diretora executiva da Native Land Digital, “[O mapa] está apoiando os povos indígenas enquanto eles recuperam a narrativa e têm a capacidade e a plataforma para compartilhar suas histórias […] Ao fazer isso, podemos conhecer uma história mais verdadeira do lugar em que vivemos.”

Reconhecimentos do território

Outras funcionalidades da plataforma, além do mapa interativo que mostra em quais terras indígenas se vive, incluem um guia do professor – lançado em março de 2019, cuja versão inclui instruções detalhadas sobre como usar o Native Land, bem como exercícios para uso por professores de diferentes níveis, de crianças a adultos. O Guia discute os prós e contras do próprio mapa, a importância de aprender mais sobre o colonialismo e fornece recursos para os professores aprenderem mais – e um guia de reconhecimentos do território.

Segundo a ONG, “O reconhecimento do território é uma forma de as pessoas inserirem a consciência da presença indígena e dos direitos à terra na vida cotidiana […] Isso geralmente é feito no início de cerimônias, palestras ou qualquer evento público. Pode ser uma maneira sutil de reconhecer a história do colonialismo e a necessidade de mudança nas sociedades coloniais dos colonos”.

Mesmo assim, os reconhecimentos de território são complexos; às vezes, eles “podem facilmente ser um gesto simbólico em vez de uma prática significativa”, escreve a Native Land Digital. O site da organização oferece uma série de perguntas para reflexão e sugere o contato direto com as comunidades indígenas próximas.

McRae diz que a ONG espera que o mapa interativo sobre as terras indígenas represente para os jovens um forma de aprender sobre os povos nativos e seus direitos. “Temos a responsabilidade de conhecer a história para não continuarmos a perpetuar os danos”, diz ela.

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