Lítio reverte dano de radiação após tratamento de tumor cerebral

Milena Elísios
The X-ray of the human brain closeup image

Crianças que recebem radioterapia para um tumor cerebral podem desenvolver problemas cognitivos mais tarde na vida. Pesquisadores do Instituto Karolinska demonstraram em estudos com ratos que o medicamento lítio pode ajudar a reverter os danos causados pelo tratamento. Os pesquisadores estão agora planejando o próximo passo: testar o tratamento em ensaios clínicos.

Quatro em cada cinco crianças com um tumor cerebral conseguem sobreviver com o tratamento. Porém, muitas delas vivem com danos causados pela radioterapia, que pode levar a deficiências de memória e de aprendizagem.

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Os pesquisadores do Instituto Karolinska, na Suécia, mostram agora que a capacidade de memória e a capacidade de aprendizagem dos ratos melhoram se o tratamento com lítio for administrado após a radioterapia para o cérebro. Os ratinhos que foram irradiados no início da vida e depois administrados lítio desde a adolescência até à idade adulta tiveram um desempenho tão bom como os ratinhos que não tinham recebido radiação.

Os pesquisadores observaram um aumento na formação de novos neurônios em uma área importante para a memória (o hipocampo) durante o período em que receberam lítio, mas sua maturidade em células nervosas plenas só ocorreu quando o tratamento com lítio foi interrompido.

O grupo de pesquisa já mostrou anteriormente que o lítio protege contra danos cerebrais se administrado em conexão com a radioterapia, pois pode prevenir a apoptose (morte celular). Agora querem iniciar ensaios clínicos na esperança de poderem produzir o primeiro tratamento medicamentoso para os danos causados pela irradiação do cérebro.

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O lítio é uma droga que já é administrada a adultos e crianças com doença bipolar, mas os cientistas ainda estão incertos sobre como ele realmente funciona. No entanto, os pesquisadores descobriram que o lítio afeta o Tppp, uma proteína importante para o citoesqueleto e o GAD65, uma proteína que afeta o sistema GABA, que é usada para o tratamento de doenças bipolares.

Nos últimos anos, a oncologia pediátrica melhorou ao salvar vidas, mas a um custo muito elevado. Muitas das crianças que recebem tratamento de radiação para um tumor cerebral desenvolvem problemas cognitivos mais ou menos graves. Isso pode causar dificuldades de aprendizagem ou socialização. Então é muito importante reduzir os danos causados pelo tratamento, para que essas crianças além de sobreviver, tenham qualidade de vida.

FONTE / Neuroscience News & Research

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