Joias de ossos de preguiça-gigante encontradas no Brasil reescrevem a história das Américas

Evidências encontradas no Brasil mostram que a colonização das Américas é mais antiga do que se imaginava.

Elisson Amboni
Imagem: Alex Mcclelland

Arqueólogos fizeram uma descoberta intrigante no Brasil que desafia as crenças estabelecidas sobre a chegada dos humanos às Américas. Através da análise de artefatos encontrados no Abrigo Santa Elina, pesquisadores identificaram joias feitas de ossos de preguiça-gigante, datadas de mais de 25.000 anos atrás. Essa descoberta fornece evidências convincentes de que os humanos chegaram ao continente americano muito antes do que se pensava anteriormente.

A Era do Gelo e o estilo único das joias

Durante a Era do Gelo na América do Sul, as joias feitas a partir dos ossos desses animais majestosos tornaram-se acessórios essenciais para os fashionistas da época. Os arqueólogos ficaram impressionados com a precisão e beleza dessas peças únicas, esculpidas em ossos de preguiça-gigante. Os osteodermos, depósitos ósseos duros que formavam uma camada semelhante a uma armadura na pele da preguiça-gigante, foram modificados pelos humanos para criar pingentes polidos e ornamentais.

Os pesquisadores, em um artigo publicado na Proceedings of the Royal Society B, analisaram minuciosamente os artefatos encontrados no abrigo rupestre e concluíram que pelo menos três osteodermos haviam sido claramente modificados por seres humanos.

Essas modificações incluíam superfícies lisas e polidas, bem como orifícios perfeitamente formados que foram claramente perfurados. A partir do tamanho e formato desses artefatos, os especialistas puderam determinar serem provavelmente utilizados como ornamentos pessoais, como pingentes de colares.

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Imagem: Júlia D’Oliveira

Uma descoberta excepcional

Os arqueólogos destacaram a excepcionalidade desses osteodermos modificados entre os milhares de ossos de preguiça-gigante encontrados no local. Essa evidência mostra claramente que esses artefatos foram cuidadosamente trabalhados pelos humanos há mais de 25.000 anos, revelando um nível surpreendente de habilidades artesanais naquela época.

A datação das joias de osso de preguiça é verdadeiramente fascinante. Elas foram descobertas em camadas que remontam a uma época entre 25.000 e 27.000 anos atrás. Isso indica que os humanos não apenas coexistiram com a preguiça-gigante, mas também compartilharam o mesmo território durante o período Pleistoceno.

As preguiças-gigantes eram criaturas imponentes, quase tão grandes quanto elefantes, medindo até 4 metros de comprimento e podendo pesar até 1.500 quilos. Apesar de sua estatura impressionante, parece que essas bestas colossais foram amplamente caçadas pelos humanos da época.

Revisando as teorias antigas

Essa descoberta desafia as teorias previamente aceitas sobre a chegada dos humanos às Américas. Antes, acreditava-se que o primeiro grupo de habitantes, conhecido como “cultura Clóvis”, havia se estabelecido no continente há cerca de 15.000 a 13.000 anos, após cruzar a Eurásia. No entanto, evidências cada vez mais numerosas estão adiando essa datação inicial.

O pingente de osso de preguiça-gigante é uma prova concreta de que os humanos fizeram uma jornada corajosa para alcançar as Américas muito antes do que se pensava anteriormente. Essa descoberta fascinante aponta para um passado mais complexo e diversificado da presença humana nas Américas.

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