Invisíveis, mas mortais: detritos espaciais podem causar catástrofes

Pesquisadores estão empenhados em desenvolver métodos de detecção para prevenir catástrofes que esses detritos podem ocasionar.

Elisson Amboni
Distribuição de detritos espaciais em órbita da Terra. Imagem: ESA

Uma equipe de pesquisadores da West Virginia University (WVU ) está liderando uma iniciativa fundamental para combater uma ameaça que pode atrapalhar a vida cotidiana: os detritos espaciais. Orbitando a velocidades de até 25.000 km/h, essas partículas, mesmo que minúsculas como um floco de tinta, representam um grave risco para os astronautas e são um perigo iminente para a infraestrutura tecnológica do planeta Terra.

Um céu cheio de perigos

Com mais de 100 milhões de objetos maiores que um milímetro circulando pela Terra, o perigo é real e subestimado. Surpreendentemente, menos de um por cento desses objetos potencialmente destrutivos são rastreados atualmente. Essa lacuna no monitoramento coloca em risco serviços essenciais, como bancos, comunicações e sistemas de GPS.

“Não se trata do tamanho, mas da energia”, explica Piyush Mehta, professor assistente de Engenharia Mecânica e Aeroespacial da WVU, em um comunicado de imprensa. “Pode ser do tamanho de um grão de sal, mas, por estar viajando tão rapidamente, pode ser comparável a um caminhão que se desloca a 100 km/h. Você não quer ficar em seu caminho.”

As fontes desses fragmentos de alta velocidade incluem colisões entre objetos espaciais e satélites desativados que explodiram.

Soluções inovadoras em desenvolvimento

A iniciativa da WVU está estruturada em duas fases, cada uma com duração de dois anos. A primeira fase concentra-se na detecção e caracterização de detritos espaciais. A segunda fase é dedicada ao desenvolvimento de novas tecnologias e algoritmos para rastreamento contínuo.

“A população de detritos é uma ameaça que cresce rapidamente para os satélites em órbita atualmente, para futuros lançamentos e para a expansão geral do ecossistema espacial. Soluções novas e inovadoras são necessárias para proteger nossos investimentos espaciais”, destaca Alexis Truitt, gerente do programa SINTRA.

“Os principais objetivos são detectar e rastrear e, no processo, aprender mais sobre seus atributos físicos. Em seguida, desenvolveremos novas tecnologias e algoritmos que serão testados e avaliados por parceiros governamentais”, acrescenta Mehta.

Simulação para segurança

Os pesquisadores planejam criar um “gêmeo digital”, um modelo virtual sofisticado que simulará as condições reais do espaço. Esse modelo permitirá que os pesquisadores testem e avaliem suas descobertas em um ambiente controlado, sem os riscos associados aos detritos espaciais reais.

A pesquisa pioneira é baseada no WVU Center for KINETIC Plasma Physics, que promete estar na vanguarda do tratamento de uma das questões mais urgentes do espaço.

À medida que o espaço sideral se torna cada vez mais confuso, o trabalho realizado pelos pesquisadores da WVU não é apenas uma questão de investigação científica, mas uma etapa necessária para proteger o futuro de nossa infraestrutura global de comunicações e segurança.

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