Cientistas encontram o genoma mais antigo do HIV

Erik Behenck
Uma célula infectada com HIV, vista por um microscópio. Imagem: © NIAID

Uma amostra de tecido achada na República Democrática do Congo continha o genoma mais antigo do HIV. A amostra é bem antiga, preservada desde 1966, fazendo com que a descoberta seja 10 anos mais velha do que o genoma anterior, uma amostra de sangue de 1976, colhida no mesmo país.

São sequências de genes que vieram antes do vírus causador da AIDS, descoberto em 1983. Dessa forma, permite que os pesquisadores possam identificar como as mutações ocorreram. A partir disso, é possível que consigam rastrear a propagação do vírus e a transmissão do HIV entre seres humanos.

Uma pesquisa que remonta o surgimento do HIV

Essa descoberta foi interessante para auxiliar no entendimento que pesquisadores possuem quanto ao surgimento do HIV.

Genoma mais antigo do HIV
Crédito da foto: C. Goldsmith Fornecedores de conteúdo: CDC / C. Goldsmith, P. Feorino, EL Palmer, WR McManus

“É bom saber, porque significa que nossos modelos evolutivos que estamos sempre aplicando à nossa sequência de vírus funcionam bem”, disse Gryseels. “Não tivemos grandes surpresas”, completou.

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Com base no sequenciamento genético de amostras do vírus, os cientistas imaginam que o HIV encontrou um ponto de apoio em humanos na África Central, em algum momento do começo do século passado, vindo de chimpanzés. Existem diferente cepas do vírus, sendo que os responsáveis por 95% das contaminações são conhecidos como HIV-1 M.

Faz pelo menos 80 anos que a transmissão de HIV-1 foi iniciada em humanos, período em que 32 milhões de pessoas morreram de AIDS. Mas, grande parte da dinâmica inicial da doença continua sendo um mistério.

Genoma mais antigo do HIV
Vírus HIV humano visto sob microscópio. (Créditos: Biblioteca de Imagens de Saúde Pública (PHIL) do Centro de Controle e Prevenção de Doenças)

Modelos matemáticos referentes a taxa de mutação do vírus indicavam que a transmissão de humano e humano se tornaria uma pandemia. O problemas, segundo Gryseels, é que esses modelos deixaram de ser confiáveis ao longo dos anos.

O genoma mais antigo do HIV

Gryseels entrou para um projeto em andamento conduzido pelo biólogo evolucionário da Universidade do Arizona, Michael Worobey, além de outros colegas, analisando 1.645 espécimes de biópsia coletados na África Central, entre 1958 e 1966.

Assim, encontraram somente uma sequência nas biópsias de linfonodos de um homem de 38 anos. Além disso, foram achados fragmentos mais antigos de HIV, um de 1959 e outro de 1960, também do Congo, mas não são peças tão completas e assim não fornecem todos os detalhes sobre mutações do vírus. Entretanto, é um indício de que o vírus existia em humanos antes da década de 1950.

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Os pesquisadores não estão satisfeitos com a descoberta do genoma mais antigo do HIV, seguirão nas buscas por outros ainda mais velhos. Assim, o próximo objetivo é identificar quando o HIV-1 passou a ser uma epidemia em aceleração.

Entre as décadas de 1910 e 1950 foram realizadas diversas campanhas de saúde pública, mas muitas delas não realizaram esterilização adequada nas agulhas, o que pode ter contribuído com o desenvolvimento do HIV. O fim das colônias europeias na África também pode ter colaborado com a expansão da doença.

O artigo foi publicado na revista Proceedings da National Academy of Sciences.

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