Humanos ainda têm genes para cobertura de pelos, mostra estudo

Mateus Marchetto
Imagem: PublicDomainPictures/Pixabay

Uma das características únicas dos mamíferos são os pelos. Ainda assim, a cobertura de pelos ao longo do corpo desapareceu em muitos mamíferos, incluindo parcialmente nós, humanos. Uma nova pesquisa, publicada na revista eLife, mostra, no entanto, que os genes para uma cobertura completa de pelagem ainda estão dentro de nossas células.

Usando ferramentas computacionais, uma equipe de cientistas comparou quase 20.000 genes codificantes (que contém a informação para estruturas), além de outros quase 350.000 genes regulatórios (que regulam a atividade de outros genes). Comparando 62 espécies de mamíferos, a equipe pôde verificar que mutações em genes muito parecidos foram a razão da perda da pelagem em ao menos 9 grupos de mamíferos.

Apesar da pressão evolutiva ter sido diferente em cada um dos animais, os lugares nos seus genes que sofreram mutações foram muito semelhantes. Além do mais, a maior parte destas regiões codificam proteínas estruturais dos pelos ou a sua estruturação em si, como é o caso da queratina.

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Imagem: Pixabay 

As mutações, contudo, não deletaram os genes para a pelagem nestes animais, incluindo humanos. No entanto, boa parte deles foi inativada, apesar de ainda estar no material genético. Ou seja, a informação da pelagem ainda está no nosso DNA, apenas impedida de ser expressa por mutações acumuladas ao longo de milhares de anos.

Desaparecimento da cobertura de pelos em diversos mamíferos

Humanos, elefantes, porcos e golfinhos são alguns dos exemplos de mamíferos que perderam a maioria dos seus pelos corporais ao longo da evolução. No caso dos elefantes, o desaparecimento dos pelos pode ter se originado pela necessidade da dissipação de calor mais eficiente. Essa pressão ambiental e evolutiva, portanto, pode ter levado à inativação dos genes a longo prazo.

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Imagem: Manfred Antranias Zimmer/Pixabay 

Já no caso dos mamíferos aquáticos, como as morsas e golfinhos, a hidrodinâmica é o ponto-chave. Isso porque pelos aumentam o atrito do corpo com a água e, por consequência, diminuem o deslize e a velocidade do animal.

No nosso caso, os motivos ainda são mais incertos, apesar de haver hipóteses. Provavelmente a dissipação de calor foi um ponto importante para a perda dos pelos, assim como nos elefantes. Ainda, o combate a parasitas da superfície do corpo também é uma opção plausível, o que também pode ter ocorrido com os porcos, por exemplo.

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