Gatos com caras “amassadas”, como os da raça persa, são pets muito comuns. A principal característica desses animais é um focinho curto e uma cara enrugada, que dá a ideia de que o rosto do bicho é plano. Essa aparência, contudo, não é nem um pouco natural. Na verdade, diversas raças de gato só têm essa característica devido a nós, humanos. Ao longo de centenas de anos, a sociedade selecionou e intercruzou gatos para que eles fossem os mais fofos possíveis. De fato, funcionou. No entanto, pesquisas mostram que gatos com rostos planos têm mais dificuldade em mostrar emoções do que outros animais domésticos.

A pesquisa, publicada no periódico Frontiers In Veterinary Science, usou de inteligência artificial para analisar o rosto de mais de 2.000 gatos. Os pesquisadores, assim, puderam concluir que gatos com rostos mais amassados na verdade mal conseguem expressar seus sentimentos. Ou seja, quando o animal está se sentindo feliz, triste, ansioso ou estressado, as mudanças na sua fisionomia são mínimas. Isso faz, segundo os autores, com que donos muitas vezes possam não perceber que o animal está sentindo dor ou estresse. A raça Scottish Fold, originária da Escócia, foi a que menos demonstrou variação de expressão facial durante o estudo. Para avaliar isso, os pesquisadores estudaram gatos domésticos saudáveis e também que haviam passado por cirurgias recentes – para avaliar a relação entre dor e expressão facial.
Seleção artificial da cara dos gatos
Assim como o processo que deu origem aos pugs, a origem dos gatos de cara achatada aconteceu por seleção artificial. Ou seja, ao longo de diversas gerações, criadores desses animais cruzaram e modificaram gatos para que surgissem raças com a face mais plana. Segundo os autores, essa configuração do rosto dos bichos faz com que os animais permaneçam mais fofos aos olhos humanos, mesmo depois de adultos. Contudo, o preço para os bichos é a perda da sua capacidade de mostrar emoções.

O artigo está disponível no periódico Frontiers In Veterinary Science.