Formas estranhas de vida poderiam habitar as estrelas

Felipe Miranda
Galáxia IC 4710. (Créditos da imagem: ESA/Hubble/NASA).

Conhecemos a vida na Terra. Um planeta em órbita de uma estrela, com algumas características que nos possibilitam estar por aqui. No entanto, podem haver muitas formas estranhas de vida. 

O universo é muito grande, e cheio de possibilidades. Assumir que a vida extraterrestre seja semelhante é algo difícil. Então, devemos considerar outras possibilidades.

Mas isso não quer dizer que não podemos nos inspirar um pouco aqui na Terra – afinal, é a única forma de vida que conhecemos. Aqui há formas de vida que vivem em condições extremas, como alta radiação e temperatura. Por que não pode haver seres assim fora da Terra?

Em um estudo publicado no final de agosto no periódico Letters in High Energy Physics, uma dupla de físicos defende que uma forma estranha de vida pode prosperar no interior de estrelas. 

Apesar de parecer absurda, a ideia, proposta pelos físicos Luis Anchordoqui e Eugene Chudnovsky, ambos da Universidade da Cidade de New York, é, pelo menos em teoria, aparentemente possível.

1024px Solar internal structure.svg

As diversas definições de vida

Há um conceito chamado de vyda. Ele foi proposto por uma dupla de pesquisadores em um artigo na revista Life, agora em 2020. Os pesquisadores propõem o conceito de vyda como algo mais amplo do que a vida.

Enquanto a vida depende de muitas características, a vyda precisaria apenas poder dissipar calor, crescer e se expandir, aprender e possuir uma ambientação interna para estabilizar reações químicas. 

E é uma ideia parecida que seguem Anchordoqui e Chudnovsky. Eles dizem que a possibilidade nas estrelas depende de como você define vida. Claro que não são definições absurdas, mas coisas que possam fazer sentido. 

Estrelas e formas estranhas de vida

“Seu surgimento [vida] deve ter sido precedido pela formação massiva de sequências aleatórias de RNA até que se formasse uma sequência capaz de autorreplicação.”, explica Chudnovsky ao ScienceAlert.

“Nós acreditamos que um processo semelhante ocorreria com colares em uma estrela, levando a um processo estacionário de autorreplicação”, completa o pesquisador. Eles baseiam essa hipótese na existência de duas coisas hipotéticas: monopolo magnético e cordas cósmicas.

Um monopolo magnético é, em suma, uma partícula hipotética – ou seja, que ainda não foi descoberta – que possui apenas um pólo magnético. Ela é importante para a física de altas energias e para o desenvolvimento da Teoria de Tudo. 

Cordas cósmicas, por sua vez, são cordas com apenas uma dimensão, ou seja, apenas com o comprimento. É difícil conceber porque estamos acostumados com três dimensões, mas é completamente possível. 

Em 1988, Chudnovsky, junto ao físico teórico Alexander Vilenkin, da Universidade Tufts, previram que essas cordas cósmicas poderiam habitar as estrelas, onde formariam grupos.

A combinação de cordas cósmicas e monopolos magnéticos poderia, portanto, dar origem a estruturas mais complexas, uni, bi ou tridimensionais. Essas estruturas poderiam ter um comportamento parecido com a vida, ou vyda.

Essas formas estranhas de vida poderiam até mesmo desenvolver inteligência. “É fascinante pensar que o Universo pode estar repleto de vida inteligente, tão diferente da nossa que deixamos de reconhecer sua existência”, diz Chudnovsky.

O estudo foi publicado no periódico Letters in High Energy Physics. Com informações de Science Alert.

Compartilhar