Fígados criados em laboratório foram transplantados para ratos

Erik Behenck
Teste com ratos foram positivos até certo ponto. Foto: UPMC

Cientistas estão transplantando para ratos fígados criados em laboratório. São miniaturas funcionais, cultivadas a partir de células da pele humana reprogramadas geneticamente. Assim, o experimento pode estabelecer bases para futuros tratamentos de insuficiência hepática terminal, doença que mata mais de 40 mil pessoas por ano nos Estados Unidos e cerca de 20 mil no Brasil.

Ainda existe muito trabalho pela frente, antes que essa técnica possa realmente ajudar pacientes humanos. Mas, eles já acreditam que essa pode ser uma alternativa para os transplantes de fígado, que são procedimentos caros e limitados, devido ao número de doadores.

Fígados criados em laboratório geram entusiasmo

O experimento foi realizado por meio de células retiradas da pele humana, doadas por voluntários. A partir disso, elas foram revertidas para um estado de célula-tronco, chamadas de células-tronco pluripotentes induzidas, de onde outras células podem ser derivadas.

No experimento, foram usados hormônios e produtos químicos, até que se tornassem células do fígado, sendo cultivadas na sequência.

Os pesquisadores acreditam que o teste com fígados criados em laboratório ajudou a mostrar que dessa forma é possível reduzir temporariamente a insuficiência hepática em pacientes. Dessa maneira, prolongando a vida destas pessoas enquanto ficam na fila de espera por um órgão.

“O objetivo a longo prazo é criar órgãos que possam substituir a doação de órgãos, mas no futuro próximo, vejo isso como uma ponte para o transplante”, explica o patologista Alejandro Soto-Gutiérrez, da Universidade de Pittsburgh.

Em relação a insuficiência hepática aguda, é normal que os pacientes necessitem de um reforço hepática, e não de um fígado completamente novo.

Um pouco mais sobre o experimento

Os pesquisadores sabem que leva um pouco mais de 2 anos para que fígados humanos amadureçam, assim, considerando desde o momento do nascimento. Mas, o cultivo de miniaturas pode ser realizado em questão de semanas, levando as suas células para os fígados de ratos.

Assim que os transplantes foram feitos para cinco ratos, os mini-fígados pareciam estar funcionais. Após quatro dias, os animais foram sacrificados e dissecados, então os pesquisadores identificaram que os fígados secretavam ácidos biliares e ureia, além de proteínas hepáticas, dando indícios de que realmente o teste foi bem-sucedido.

Os fígados criados em laboratório não funcionaram perfeitamente. Trombose, isquemia e o fluxo sanguíneo deficiente no enxerto foram revelados, mostrando que ainda existem sérias dificuldades em conectar corretamente o enxerto com a rede vascular de um animal.

Ainda assim, os resultados foram bastante positivos. Dessa forma, em um curto período de tempo ratos viveram com miniaturas de fígados humanos. Aliás, o que não havia sido testado antes e pode ser um passo importante para o desenvolvimento de novas técnicas.

Talvez ainda demore para chegar o dia em que humanos possam ser beneficiados por este experimento, uma década quem sabe. Além disso, diversos novos experimentos semelhantes devem ser realizados nos próximos anos, para que esse tipo de transplante seja seguro.

A pesquisa foi publicada em Cell Reports. Informações de Science Alert.

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