Experimento sugere que a ocitocina pode retardar sintomas de Alzheimer

Wellington Reis
(Imagem: De Visu/Shutterstock)

O chamado “hormônio do amor”, a ocitocina, tem esse apelido devido ao seu vínculo social, no parto e na reprodução. Contudo, ele também tem uma outra função, ainda não totalmente entendida, que é influenciar na nossa memória.

O que se sabe é que a ocitocina causa danos à memória, e também tem efeitos amnésicos em humanos. Ela pode enfraquecer ou fortalecer o nosso desempenho em tarefas de memória, algo que depende da pessoa testada e sua personalidade. Alguns estudos com animais também mostraram seus possíveis efeitos benéficos.

A ocitocina vem causando muita curiosidade entre os cientistas, pois seus efeitos, antes, eram considerados ruins para a memória, já que pessoas com Alzheimer, após a morte, apresentam altos níveis de ocitocina. No entanto, em estudos recentes, foi mostrado que ela pode ajudar na luta contra fatores que causam problemas de memória, como os encontrados em uma pessoa com Alzheimer.

O papel da ocitocina

Se queremos compreender como a ocitocina pode ser benéfica para a memória, temos de entender como funcionam os mecanismos que comprometem a memória. 

Há um grande acúmulo tóxico do peptídeo beta-amilóide no cérebro de pessoas com Alzheimer. Em sua forma não tóxica, a beta-amilóide está envolvida na regulação, reparo e proteção do nosso sistema nervoso central.  Contudo, em sua forma tóxica, ela cria placas no cérebro que atrapalham a função as células do cérebro, e acabam por matar os neurônios, levando a perda da memória.

Estudos feitos em animais mostram que a beta-amilóide tóxica ativa, mesmo quando exposta a curto prazo ao cérebro, causa uma resposta imune equivocada. Essa resposta imune equivocada faz com que o sistema imunológico destrua os seus próprios neurônios, ao invés de protegê-los. Tal efeito faz parte do processo da Alzheimer.

Além disso, a beta-amilóide também pode afetar a comunicação dos neurônios reduzindo suas capacidades de sinapse. Isso prejudica muito nossa capacidade de aprender e lembrar, porque a plasticidade sináptica desempenha um importante papel nesse processo.

Um tratamento contra a Alzheimer ?

Anteriormente, em outros estudos, foi mostrado que a ocitocina ajuda na memória social e na espacial durante a maternidade em ratos. Contudo, não havia tido nenhum estudo que se propôs a investigar se a ocitocina poderia impedir a beta-amilóide tóxica de prejudicar a plasticidade sináptica, algo que seria ótimo contra a Alzheimer. 

Numa nova pesquisa, cientistas trataram ratos machos com a beta-amilóide tóxica usando para confirmar se a proteína prejudica mesmo a plasticidade do cérebro. Depois, eles trataram os roedores com com beta-amilóide tóxico e ocitocina. Quando os dois foram administrados juntos, não ouve um efeito negativo na plasticidade sináptica. Contudo, a ocitocina sozinha não teve um efeito de melhoria sobre a plasticidade sináptica.

O estudo se concentrou apenas em ratos machos. Isso não leva em consideração que a oxitocina afeta homens e mulheres de maneira diferente, tanto em nível molecular quanto comportamental .

Por fim, os pesquisadores concluíram que a ocitocina pode sim ser usada contra a perda de memória associada a distúrbios cognitivos, como a doença de Alzheimer. Entretanto, para um medicamento ser desenvolvido no futuro, precisa-se de mais estudos para confirmar se de fato a ocitocina pode prevenir e/ou reverter os efeitos desses problemas cognitivos.

A pesquisa foi publicado no periódico da Elsevier. Com informações de The Conversation.

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