Exército dos EUA investe em comunicação via pensamento entre soldados

Matheus Gouveia

Os EUA estão dando um grande passo bélico com nova pesquisa, financiada pelo exército americano. Estudando sinais da mente, pesquisadores esperam conseguir a comunicação cerebral entre os soldados.

Entendendo sinais cerebrais

O Exército americano está financiando pesquisas em neurociência para entender melhor os diferentes sinais cerebrais. Com isso, os EUA esperam construir um sistema que permita aos soldados se comunicarem com apenas seus pensamentos. As pesquisas lidam com decodificação de sinais cerebrais, e o exército está gastando até US $ 6,25 milhões no projeto.

Agora, a mais nova pesquisa do projeto conseguiu diferenciar, com sucesso, os sinais cerebrais que influenciam a ação ou o comportamento e os sinais que não influenciam.

Os neurocientistas disseram, então, que aprenderam a decodificar e analisar os sinais neurais do comportamento. Ainda não é leitura de mente propriamente dita, mas é um grande passo para entender melhor os vários sinais cerebrais existentes.

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Eles empregaram matemática complexa e desenvolveram um algoritmo capaz de identificar quais sinais cerebrais estavam ligados aos movimentos, e quais sinais influenciavam no comportamento. De acordo com Hamid Krim, gerente do programa de pesquisa do exército americano, o estudo vai além de medições, já que tenta interpretar os sinais.

A próxima etapa, para Krim, é decodificar outras categorias de sinais cerebrais, para que, assim, um computador possa interpretar os pensamentos de um soldado.

O programa, que tem apoio do Gabinete de Pesquisa do Exército, foi liderado por pesquisadores da Universidade da Califórnia do Sul e por parceiros de várias universidades como a Universidade da Califórnia e a Universidade Duke. Além disso, envolveu várias universidades no Reino Unido, incluindo Oxford.

Comunicação só pelo pensamento

A Força americana espera que máquinas, no futuro, forneçam feedback aos cérebros dos soldados para que eles tomem ações corretivas e preventivas em situações de batalha.

Por exemplo, sinais de estresse e fadiga, emitidos pelo cérebro, podem ser a deixa para que as tropas façam uma pausa. Para Krim, o céu é o limite – a imaginação pode trazer muitas ideias de aplicação para essa tecnologia. Ainda, ele sonha com a comunicação cérebro-computador, que permitiria que os soldados conversassem entre si só pelo pensamento.

“Essa é a principal intenção: ter um computador em verdadeiro modo de comunicação full-duplex com o cérebro.” – Hamid Krim.

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Isso funcionaria então como um efeito cascata: você se comunicaria com seu computador, que se comunicaria com o computador de outro soldado, e por aí em diante.

Apesar disso tudo, ainda há muito trabalho a ser feito. Na realidade, qualquer tipo de interface humana-máquina pronta para a batalha está, provavelmente, a décadas de distância.

Interface cérebro-máquina e Inteligência artificial

A comunicação entre cérebro e máquina ainda depende, portanto, da capacidade de interpretação da máquina, logo de sua inteligência artificial. O termo inteligência artificial (IA) foi criado em 1956, quando cientistas perceberam a capacidade das máquinas de interpretar dados e aprender a partir deles como uma pessoa.

Essa descoberta foi tão instigante que o Departamento de Defesa dos EUA logo se interessaria por este tipo de tecnologia durante os anos 60, treinando computadores para imitar o raciocínio humano básico.

É comum que muitas pessoas associem a inteligência artificial a robôs que dominam o mundo, como retratado em filmes de ficção científica. Mas hoje as tecnologias de IA contribuem, no máximo, de forma prática em nosso cotidiano, como pode ser visto em processos de automação e em sistemas de smartphones e computadores modernos.

Uma IA que lê mentes pode parecer ficção científica, mas está cada vez mais próxima de se tornar realidade. Um estudo publicado em 2020 na revista Nature Neuroscience revelou que IA já pode traduzir a atividade cerebral em uma frase escrita.

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