Estrela mais rápida da Via Láctea viaja a 8% da velocidade da luz

Felipe Miranda
A estrela S4714 e outras companheiras suas. (Créditos da imagem: Florian Peissker).

A velocidade da luz é muito (muito mesmo) alta. É uma velocidade que a matéria não consegue chegar. São cerca de 300 mil quilômetros por segundo. A luz pode ir para a Lua em pouco mais de 1 segundo. E a estrela mais rápida da Via Láctea está viajando a 8% dessa velocidade, o que ainda é muita coisa, 24 mil km/s.

Essa velocidade faz com que a recém descoberta estrela S4714 seja a estrela mais rápida da Via Láctea. Ela orbita o Sagittarius A * (lê se Sagittarius A ‘estrela’), o buraco negro no centro da nossa galáxia. 

Orbitar o buraco negro explica essa velocidade toda. Um buraco negro causa os ambientes mais extremos do universo, e é capaz de facilmente despedaçar uma estrela que se aproxima – provável futuro da S4714.

O é mais incrível neste caso é sua persistência na sobrevivência. Ela ainda não foi dilacerada, mas está em uma órbita mais próxima do Sagittarius A * do que qualquer outra estrela por ali.

Situações extremas

Mesmo que oito por cento da velocidade da luz seja uma velocidade realmente considerável, esta não é, ainda, a situação mais extrema que a matéria pode presenciar no universo.

Quasares são gerados quando a matéria é acelerada em velocidades muito próximas às da luz, enquanto são engolidos por um buraco negro. Esses objetos podem brilhar mais do que uma galáxia inteira, com uma quantidade relativamente pequena de matéria, se comparado à matéria de toda a galáxia. 

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Anteriormente, a estrela mais próxima do Sagittarius A * que conhecíamos, era a S2, uma estrela que gerou mais uma das confirmações da Relatividade Geral. As equações de Newton não poderiam prever a sua órbita, apenas as de Einstein.

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Mesmo tão rápido e tão próximo, sua órbita é longa. Ela realiza uma volta em torno do buraco negro a cada 7,6 anos terrestres, a uma distância média de 21,5 bilhões de quilômetros dele, pouco mais de 4 vezes a distância do Sol até Plutão. Para um buraco negro, essa é uma distância realmente muito próxima.

Respaldando a teoria com a estrela mais rápida da Via Láctea

Pelo fato de sua órbita extremamente próxima, pode ajudar em dois pontos da astrofísica teórica: o primeiro, é que ela pode ser um indício de que pode haver outras estrelas em órbitas extremamente próximas de buracos negros.

O segundo ponto é que ela é a primeira estrela descoberta do tipo. Chamadas de ‘squeezars’, essas estrela foram propostas há mais de 20 anos. Elas levam o nome de squeezar por causa da palavra em inglês ‘squeeze’, que significa algo como comprimir.

O nome faz referência à pressão que ela sofre das forças de maré. A maré gravitacional é um efeito de sistemas muito extremos de gravidade, como nas proximidades de um buraco negro.

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Em resumo, quanto mais próximo de um corpo, maior a força da gravidade. A estrela é muito grande, então ela não experimenta a mesma aceleração da gravidade em todos os pontos.

Isso é ainda mais perceptível no caso de um buraco negro, que possui uma gravidade inimaginavelmente grande. Conforme ela rotacional e translaciona, cada parte dela é puxada com uma força diferente, causando distorções e pressões.

O estudo foi publicado no The Astrophysical Journal.

Com informações de Science Alert.

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