Encontrado naufrágio do século XIX intacto no Ártico

Felipe Miranda
Mergulhador se aproxima do HMS Terror. (Créditos da imagem: Parks Canada).

Em 2016, pesquisadores encontraram no Ártico Canadense, extremo norte do país, um naufrágio datado do século XIX – do qual os destroços estavam curiosamente quase totalmente intactos.

Ele foi encontrado mais especificamente na ilha King William, e desde então, foi um pouco deixado de lado, e nenhum estudo se aprofundou. Somente em 2019 alguns cientistas resolveram explorar o naufrágio.

O navio pertenceu a uma frota do Sir John Franklin, que fazia uma expedição em busca de um local hoje conhecido como Passagem do Noroeste, no ano de 1845, em nome da Marinha Real Britânica.

Na época, o Império Britânico era a potência mais poderosa do mundo. Ademais, foi o Império com o maior número de territórios não contínuos da história, dominando territórios em todos os continentes do planeta.

A passagem do Noroeste é uma via marítima que liga o estreito de Davis ao Estreito de Bering. Ela é formada por vários estreitos ao longo do continente americano, e liga o Oceano Atlântico ao Oceano Pacífico.

No ano passado, 2019, ao jornal britânico Express, o arqueólogo Canadense Ryan Harris, principal arqueólogo da descoberta, disse que: “O navio está incrivelmente intacto”.

“Conseguimos explorar 20 cabines e compartimentos, indo de um quarto para o outro. As portas estavam assustadoramente abertas”, completa o arqueólogo da agência governamental canadense Parks Canada.

Impressionante estado de conservação

O estado do navio estava tão bom que eles puderam andar por dentro da embarcação afundada, conforme contra Harris: “Pudemos explorar 20 cabines e compartimentos, indo de sala em sala”.

Entre utensílios e móveis “domésticos” utilizados pela expedição em alto mar pela tripulação, como pratos, copos e camas, ainda estavam quase todos inteiros no naufrágio do século XIX.

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Pratos ainda intactos na prateleira do HMS Terror. (Créditos da imagem: Parks Canada).

Ademais, diversas fontes de dados da expedição ainda estavam inteiros: instrumentos científicos em seus respectivos estojos, e até mesmo alguns diários, gráficos, além de fotografias da época.

Segundo os pesquisadores, o estado de preservação do interior da embarcação e dos objetos dos marinheiros foi possível pelo montante de sedimentos que os isolam do mundo externo, criando uma região anaeróbica.

“Existe uma probabilidade muito alta de encontrar roupas ou documentos, alguns deles possivelmente ainda legíveis. Cartas enroladas ou dobradas no armário de mapas do capitão, por exemplo, poderiam muito bem ter sobrevivido”, disse Harris.

Por que o navio afundou?

Bom, talvez Terror não seja um bom nome para se dar a um navio. Sim, a embarcação se chamava HMS Terror. Ele havia sido um navio de guerra no passado, e mais tarde foi adaptado para a exploração polar.

Não se sabe até hoje o motivo do naufrágio, entretanto. Não foi apenas o Terror que naufragou – o HMS Erebus, o segundo navio da expedição, também afundou naquele episódio, e nunca mais foi visto.

O casco dos navios eram reforçados, já que eles haviam sido reformado justamente para aquele tipo de missão, que realizavam com maestria. A descoberta pode clarear esse ponto.

Sir John Franklin e mais alguns sobreviventes, conseguiram permanecer procurando ajuda por aproximadamente dois anos. Eles navegaram de alguma forma até que ficaram presos no gelo.

Sabe-se deste fato graças à uma carta encontrada na ilha do Rei Guilherme, ainda no norte Canadense. Sir Franklin morreu provavelmente de alguma doença associada ao frio.

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