Einstein previu que os animais podiam ‘ver’ o campo magnético da Terra

Damares Alves
(Imagem: (Dyer et al., J Comp Physiol A, 2021) Nature / Redação Socientífica)

Muito antes que descobríssemos que os animais podiam ‘enxergar’ e utilizar o campo magnético da Terra, Albert Einstein já discutia esta possibilidade, mostra uma antiga correspondência do físico.

Uma carta há muito perdida do famoso cientista para um engenheiro em 1949 e a pouco analisada por pesquisadores australianos revelou-se extraordinariamente presciente tanto no campo da biologia quanto da física. Ela revela que Einstein previu que os animais podiam ‘ver’ o campo magnético da Terra.

“É possível que a investigação do comportamento das aves migratórias e dos pombos-correio possa algum dia levar à compreensão de algum processo físico que ainda não é conhecido”, escreveu Einstein em sua correspondência.

Agora, mais de 70 anos depois, sabemos que ele acertou em cheio. As evidências sugerem que os pássaros podem sentir o campo magnético da Terra usando fotorreceptores especiais em seus olhos, que são sensíveis a mudanças sutis no campo magnético do planeta. Isso é o que lhes permite migrar milhares de quilômetros sem se perder.

Na carta, Einstein respondia as indagações de engenheiro Glyn Davys, embora somente a resposta do físico tenha sido encontrada, fica claro que a pergunta de Davys tinha algo a ver com a percepção animal e o que ela pode nos dizer sobre o mundo físico.

Confira a carta de Albert Einstein na íntegra:

Carta de Einstein
(Dyer et al., J Comp Physiol A, 2021)

Outros animais, como tartarugas marinhas, cães e abelhas e até tubarões também mostram uma capacidade fantástica de sentir os campos magnéticos do nosso planeta, embora não necessariamente através dos olhos.

Desde que a carta foi enviada, aprendemos muito sobre o comportamento das abelhas e como esses insetos curiosos percebem o mundo. Tal como Einstein previu, esse conhecimento já está nos ajudando a aprimorar a tecnologia.

Apesar de décadas de pesquisa, no entanto, ainda há muito mistério pela frente. Os mecanismos exatos pelos quais os animais percebem a luz ou sentem o campo magnético da Terra ainda estão sendo separados e podem não ser os mesmos para todas as espécies.

O estudo foi publicado no Journal of Physiology Comparativo A.

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