Descoberta de 7 mil anos demonstra o potencial da arqueologia subaquática

Felipe Miranda
Localização do sítio submerso (Créditos da imagem: Benjamin et. al.)

Quando pensamos em arqueologia, imediatamente imaginamos em cavar o solo em busca de artefatos para serem estudados, o que não nos ocorre, entretanto, é o fato de que existe a arqueologia subaquática.

Cerca de 12 mil anos atrás, muitas geleiras começaram a derreter, marcando o fim da última era glacial. Nesse processo, portanto, o nível dos oceanos aumentaram, inundando um terço das terras habitáveis.

Procurar por objetos dos humanos pré-históricos em locais onde ora foram terra e hoje são submersos pode ser promissor, até porque não foram destruídos por outros povos com o passar dos milênios.

A atividade humana na Austrália remonta a 65 mil anos atrás. É um grande tempo para diversas mudanças nos ecossistemas, e muitos artefatos da época estão, hoje, embaixo d’água, no entanto.

Algum cientistas sabem do valor da arqueologia subaquática

Em um estudo publicado recentemente no periódico de acesso aberto PLOS One, cientistas descrevem uma nova descoberta, de 7 mil anos atrás, e que estava em um local submerso.

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Catalogando peças (Créditos da imagem: Sam Wright)

O estudo faz parte do projeto  Deep History of Sea Country, e foi liderado pelo professor de arqueologia marítima da Universidade Flinders, na Austrália, Jonathan Benjamin. O projeto é justamente na área da arqueologia subaquática, como o nome sugere.

Eles procuravam objetos no Arquipélago de Dampier, chamado também de Murujuga, no litoral australiano. O local possui uma das mais importantes coleções de gravuras rupestres do mundo.

E quando eu digo que é importante, é realmente importante. Somando essas gravuras, se obtém um total de meio milhão de exemplos de arte rupestres daqueles povos.

Há 18 mil anos, essa região de terra firme no Arquipélago de Dampier se estendia por mais 160 quilômetros além da região atual. Uma grande área foi habitada e hoje é apenas mar.

Filtragem de possibilidades

Ao Smithsonian Magazine, Benjamin conta sobre a ansiedade ao entrar na empreitada: “Estávamos entrando em uma área completamente fria em termos de probabilidade de descoberta”.

Ele completa dizendo sobre a saída deles. “Então pensamos que se pudéssemos jogar toda a tecnologia e muitas pessoas inteligentes no problema, depois de três anos, deveríamos propor algo”.

Eles, então, precisavam escolher locais específicos para focar os esforços. Apostaram, portanto, em uma forma de filtragem por meio de eliminação de locais menos prováveis.

Inicialmente, eles utilizaram aviões e barcos, o que possibilitou localizar pontos com areia movediça para eliminar – tanto pela baixa probabilidade de se encontrar algo quanto pela segurança dos pesquisadores.

Depois de escolhidos os locais, entram em ação os mergulhadores. Em 2019 os mergulhadores passaram a fazer buscas mais específicas nesses pontos, até que conseguiram resultados.

Finalmente, a descoberta

Inicialmente, a dupla formada por Chelsea Wiseman e John McCarthy, também da Universidade Flinders, localizaram uma ferramenta. Quando se aproximaram, encontraram mais algumas unidades.

Conforme analisavam o ponto, encontraram um total de 269 artefatos confeccionados por humanos da pré-história a partir de rochas ígneas de 7 mil anos de idade, no Canal Cape Bruguieres.

Eram ferramentas produzidas muito provavelmente com o intuito de cortar, raspar e martelar, como esmagar sementes que seriam utilizadas como farinha na produção de pão, por exemplo.

À Smithsonian Magazine, Wiseman disse:

“Muito do nosso entendimento da arqueologia indígena australiana é baseado em locais que estariam significativamente mais no interior. “Essa descoberta ajudará a indicar que há mais a ser encontrado no exterior”.

O estudo foi publicado no periódico PLOS One. Com informações de Smithsonian Magazine.

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