Cubo de urânio pode revelar mais sobre o plano nazista de construir uma bomba nuclear

Rafael D'avila
Imagem: John T. Consoli/University of Maryland

Cientistas se organizaram em uma força tarefa com o objetivo de identificar cubos do plano de bomba nazista. Eles não queriam apenas fazer a identificação, como também, rastrear as origens de centenas de cubos de urânio, desaparecidos do programa de armas atômicas daquele período.

Este material serviu como componente vital do nazismo, no plano de construir um reator nuclear e uma bomba atômica, como homenagem a Werner Heisenberg. Este físico foi um dos criadores dos cubos, apreendidos de um laboratório subterrâneo secreto no final da Segunda Guerra Mundial. Acredita-se que durante aquele período, cerca de 1.200 cubos do plano de bomba nazista teriam sido criados, portanto, os pesquisadores conhecem apenas 12 deles.

Os profissionais do Pacific Northwest National Laboratory (PNNL), testaram uma nova técnica, apresentada no dia 24 de agosto em uma reunião da American Chemical Society. Acima de tudo, a partir de tal estratégia, seria possível localizar este material nuclear que ilegalmente traficaram.

Um dos cubos do plano de bomba nazista.
Brittany Robertson segurando o cubo do Laboratório Nacional do Noroeste do Pacífico, que está dentro de uma caixa protetora. Imagem: Andrea Starr/ PNLL

A grande expectativa é que a abordagem não consiga apenas identificar os cubos do plano de bomba nazista, como também, confirmar se vieram da Alemanha. Além disso, pretendem vinculá-los aos laboratórios específicos, responsáveis por toda criação do elemento de urânio pela primeira vez.

“Não sabemos com certeza se os cubos são do programa alemão, então primeiro queremos estabelecer isso”, disse Jon Schwantes, cientista sênior do PNNL, em um comunicado. “Queremos comparar os diferentes cubos para ver se podemos classificá-los de acordo com o grupo de pesquisa específico que os criou”.

Cubos do plano de bomba nazista indicam que o movimento estava enfraquecido no final da guerra

Assim que Hitler chegou ao poder, os experimentos nucleares estavam na vanguarda de pesquisa. Todavia, em 1938, os radioquímicos alemães, Frittz Strasserman e Otto Hahn, dividiram o átomo para liberar enormes quantidades de energia. Ao longo da Segunda Guerra Mundial, os cientistas do país competiram para transformar cubos de urânio em plutônio.

Forças armadas recolhendo os cubos do plano de bomba nazista
Investigadores britânicos e americanos examinando o reator nuclear no laboratório secreto de Heisenberg, antes de desmontá-lo. Imagem: Laboratório Nacional Brookhaven/ Arquivos Visuais Emilio Segrè

Submergiram o material em ‘água pesada’, onde o hidrogênio foi substituído por deutério, um isótopo mais denso. Sendo assim, esperavam que seus reatores desencadeassem uma reação em cadeia autossustentável, entretanto, os planos falharam.

Quando as forças americanas e britânicas descobriram o laboratório de Heisenberg, em 1945, recuperaram 644 cubos do plano de bomba nazista, e enviaram aos EUA. Apesar de serem aplicações essenciais no desenvolvimento de técnicas de rastreamento de material nuclear hoje, os cubos são uma lembrança inquietante de como chegamos perto de uma outra história.

“Estou feliz que o programa nazista não estava tão avançado quanto eles desejavam no final da guerra”, disse Brittany Robertson, uma estudante de doutorado do PNNL. “Porque, caso contrário, o mundo seria um lugar muito diferente”, concluiu.

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