A Covid-19 é uma doença nova, surgida no final de 2019, como todos nós acompanhamos. Por ser nova, é extremamente desconhecida e a cada dia temos uma nova surpresa. Em decorrência da doença causada pelo SARS-Cov-2, uma nova síndrome inflamatória aparentemente surgiu em crianças.
Entre o final de abril e o início de maio, houve relatos por diversos países da Europa e nos Estados Unidos de crianças com um tipo de Doença de Kawasaki associada ao coronavírus.
A doença de Kawasaki é uma doença bastante rara, que causa inflamação de vasos sanguíneos, impondo erupção cutânea, irritação e dor pelo corpo, e pode ser crítico em muitos casos.
Até a primeira quinzena de maio de 2020, médicos haviam identificado, apenas no Reino Unido, até cem crianças com esses mesmos tipos de sintomas e, desde então, o caso foi investigado. Acredita-se que ela pode ocorrer por uma resposta tardia do sistema imunológico da criança.
Outra síndrome inflamatória
Apesar de apresentar semelhanças, alguns dos sintomas não batiam cem por cento com a Síndrome de Kawasaki, como dor estomacal, vômito e diarreia.
Essa nova doença recebeu o nome de PIMS-TS, sigla na língua inglesa para Síndrome do Multissistema Inflamatório Pediátrico temporariamente associada à SARS-CoV-2.
Um grupo de pesquisadores, então, relatou a nova doença e suas diferenças com a Síndrome de Kawasaki, analisando 58 crianças britânicas hospitalizadas.
A primeira diferença está na idade. Enquanto 75% das crianças afetadas pela Doença de Kawasaki possuem menos de cinco anos, a média para a PIMS-TS era de nove.
A duas doenças também guardam semelhanças. Os pesquisadores notaram uma maior incidência em crianças com traços asiáticos para a Kawasaki, e de negros e asiáticos para a PIMS-TS. Outra semelhança está nos problemas arteriais que ambas as doenças podem causar na crianças. Na PIMS-TS, os médicos relataram, ainda, oito crianças com aneurisma.
Riscos
Aparentemente, a doença é extremamente rara, mas dado o número de infectados pelo coronavírus, pode afetar muitas crianças. Ademais, há preocupações de grandes danos de longa duração para essas crianças.
Até o momento, menos de 200 casos de PIMS-TS foram relatados na Inglaterra, país de origem da descrição da doença. Mais casos devem ser diagnosticados em outros países.
“A nova condição, PIMS-TS, é extremamente rara, mas pode deixar uma criança muito enferma, por isso é importante caracterizar a doença adequadamente, para que possamos providenciar um monitoramento rigoroso e o melhor tratamento”, disse em um comunicado do Imperial College London a Dra. Elizabeth Whittaker, líder da equipe.
A Dra. Julia Kenny, que também participou do estudo, reitera a importância de se diagnosticar a doença para ajudar a tratar essas crianças o mais cedo possível.
“Nossa análise mostrou que esta é realmente uma nova condição. Não tratada, há o risco de complicações graves em crianças com casos muito sérios, mas com a identificação e o tratamento precoces, o resultado é excelente, com as crianças que estamos revisando após a alta.”
O estudo, publicado no Journal of the American Medical Association, foi liderado por pesquisadores do Imperial College Academic Health Science Center (AHSC) e contou com apoio de diversos hospitais ingleses.