Como Júpiter não se tornou uma estrela se há estrelas menores?

Felipe Miranda
(NASA/JPL-Caltech).

Você já deve ter se perguntado: como Júpiter não se tornou uma estrela? Júpiter é insanamente grande, em comparação aos outros planetas do sistema solar. Ele é poderoso até quando comparamos a algumas estrelas. Dois tipos de estrelas bastante pequenas são as anãs-brancas, que possuem uma massa semelhante à do Sol comprimida em um raio bem pequeno e as anãs-vermelhas, que também são muito pequenas e possuem massas muito menores do que a do Sol. O gigante planeta possui uma composição parecida com a do Sol e uma massa consideravelmente grande, mas a questão é um pouquinho mais complexa. 

Como Júpiter não se tornou uma estrela?

A massa de Júpiter é 2,5 vezes maior do que a massa de todos os outros planetas do sistema solar somados. Ainda assim, o Sol possui 99,8% de toda a massa do sistema solar. Em outras palavras, Júpiter é insanamente grande, mas não é tão massivo assim.

Jupiter Earth size comparison
Comparação de tamanho entre Júpiter e Terra. (NASA).

Portanto, Júpiter não se tornou uma estrela porque ele não possui a massa necessária para tal. Ele é grande, mas isso ocorre porque ele possui uma densidade muito baixa. Se fosse um pouquinho menos denso, poderia até mesmo boiar na água. Saturno, por exemplo, boiaria se o colocássemos em uma piscina gigante.  

Algumas estrelas são menores do que Júpiter, mas muito mais massivas. Um exemplo é a estrela EBLM J0555-57Ab. Trata-se da menor estrela conhecida que consegue manter a fusão do hidrogênio. As anãs brancas são ainda menores, mas não sustentam a fusão, e só brilham com o calor residual. A EBLM J0555-57Ab possui um tamanho um pouco maior do que Saturno; ou seja, menor do que Júpiter. Mesmo assim, ela possui uma massa 85 vezes maior do que a de Júpiter, conforme escreve Michelle Starr para o Science Alert.

Já falamos algumas vezes sobre as anãs marrons. Elas não são exatamente planetas, nem exatamente estrelas, mas um corpo intermediário. Elas são bastante quentes, mas não possuem massa suficiente para iniciar uma reação de fusão nuclear. As estrelas utilizam a fusão nuclear para produzir todo seu brilho e energia. 

Então a pergunta correta não é ‘como Júpiter não se tornou uma estrela?’. Na verdade ele está longe disso. Mas ele quase tornou-se uma anã-marrom.

E o que a massa tem a ver?

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A fusão de dois isótopos do hidrogênio (deutério e trítio) origina um núcleo de hélio, energia e um nêutron livre. (Créditos da imagem: Wikimedia Commons).

A fusão nuclear consiste, basicamente, em espremer dois átomos um contra o outro até que eles se juntem, liberando muita energia e formando um novo átomo. No entanto, para que isso funcione, há uma demanda gigantesca de energia. Essa demanda é tão grande que até hoje não conseguimos produzir mais energia do que um reator de fusão demanda (só dominamos a fissão). 

E é aí que a gravidade entra. A gravidade é, na verdade, uma força extremamente fraca. Você conseguir pular é uma prova de que a vencemos facilmente. No entanto, quando juntamos uma quantidade grande de matéria, temos uma força monstruosa, como os buracos negros.

Quando você possui uma massa como a daquela anã-vermelha que citamos anteriormente, cerca de 85 vezes maior do que a massa de Júpiter, já consegue iniciar a fusão nuclear. Devemos lembrar que essa massa nem é tão grande  assim. O Sol possui uma massa maior do que Júpiter por três ordens de grandeza – ou seja, mil vezes maior (e ainda é uma estrela consideravelmente pequena). 

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