Ainda não bateram o martelo sobre a pergunta clássica “O que veio primeiro: o ovo ou a galinha?”. A dificuldade em responder por definitivo está no fato da sentença tratar-se de um paradoxo. Além disso, há fatores importantes envolvidos, como a referência: o ovo em questão é propriamente ovo de galinha ou ovos em geral? Até agora, a resposta é mais dependente da interpretação científica e filosófica de quem se propõe fornece-la. De qualquer modo, os cientistas encontraram o que pode ser o ovo preservado involuntariamente mais antigo já descoberto.
Embora não seja o “ovo original”, o achado data da Era Romana, uma das maiores e poderosas civilizações da história ocidental que permaneceu de pé por 5 séculos. Nesse contexto, a descoberta pode ampliar o entendimento sobre a cultura dos romanos, tendo em vista que eles atribuíam diversos significados simbólicos aos ovos.
Ovo da Era Romana espetacularmente preservado
Uma análise tridimensional meticulosa realizada em um ovo com cerca de 1.700 anos de idade, descoberto em uma escavação arqueológica em um sítio romano localizado na Inglaterra, trouxe à luz uma descoberta curiosa.
Os resultados revelaram que este ovo surpreendentemente ainda mantinha vestígios intactos de gema e clara. Acredita-se que seja um evento raro encontrar um ovo de galinha com tanto tempo de existência que tenha conservado suas características internas de maneira tão impressionante.
Edward Biddulph, gerente sênior de projetos da empresa privada Oxford Archaeology, diz que “Ficamos absolutamente impressionados quando vimos o conteúdo ali, pois esperávamos que eles tivessem vazado”.
Único sobrevivente
Durante uma escavação arqueológica realizada há vários anos em um sítio datado da Era Romana, situado na cidade de Aylesbury, uma localidade central da Inglaterra localizada a aproximadamente 30 quilômetros a leste de Oxford, foi encontrado um conjunto de quatro ovos.
Destes, três exemplares, já bastante frágeis, se fragmentaram durante o processo de desenterramento, resultando em uma emissão de odor considerável, descrita como fedor potente”. Contudo, um quarto ovo conseguiu permanecer intacto, preservando sua estrutura sem rachaduras.
Em um avanço subsequente, o ovo da Era Romana sobrevivente passou por um meticuloso escaneamento na Universidade de Kent, utilizando a avançada técnica de tomografia computadorizada microscópica (micro-CT).
O procedimento envolve a realização de inúmeras varreduras por raios-X, que são posteriormente processadas digitalmente para criar um modelo 3D virtual do objeto em questão.
Biddulph explica que o processo “Produziu uma imagem surpreendente que indicava que o ovo, além de estar intacto – o que é bastante incrível – também retinha o seu líquido no seu interior, presumivelmente derivado da gema, albúmen, etc., bem como uma bolha de ar”.
Ovos na cultura romana
O local onde o ovo da Era Romana foi encontrado revelou não apenas vestígios da época, mas também evidências de ocupação humana que remontam ao período Neolítico.
Conforme declarado em um comunicado oficial da Oxford Archaeology, o poço teve usos multifacetados ao longo do tempo. Inicialmente, foi empregado para a produção de malte e fabricação de cerveja.
Com o tempo, o poço foi preenchido com água, transformando-se em um local onde as pessoas podiam fazer oferendas, como jogar moedas e outros itens, buscando a proteção e bênção dos deuses.
É intrigante que muitos objetos orgânicos encontrados na cova tenham sido preservados, contrariando a tendência de decomposição quando expostos ao oxigênio.
Isso se deve, em grande parte, às características do solo encharcado do poço. Além dos ovos, que aparentemente foram depositados como algum tipo de oferenda ritual, a cova revelou uma variedade de artefatos, incluindo uma cesta de madeira, calçados de couro, utensílios de cerâmica e ferramentas de madeira.
Significado simbólico dos ovos para os romanos
Outro ovo da Era Romana, que sobreviveu intacto, foi descoberto na mão de uma criança morta enterrada perto do Vaticano, mas não continha líquidos; os arqueólogos acreditam que simbolizava o renascimento após a morte prematura do bebê.
A Oxford Archaeology destacou que os romanos atribuíam significados simbólicos aos ovos, associando-os aos deuses Mitras e Mercúrio, e os relacionavam com conceitos de fertilidade e renascimento.
Agora, o ovo da Era Romana está em um museu em Aylesbury, onde os arqueólogos estão tentando extrair o conteúdo sem quebrar a casca.