Cientista flagram possível troca de materiais entre asteroides

Felipe Miranda
Mosaico do asteroide Bennu. (Créditos da imagem: NASA/Goddard/University of Arizona.​).

A possível troca de materiais entre dois asteroides demonstra aos cientistas que a dinâmica espacial dos sistemas de asteroides é, portanto, de fato bastante complexa.

A espaçonave OSIRIS-REx, da NASA, sobrevoava o asteroide Bennu. Lançada especialmente para essa missão, em 2016, ela retornará à Terra em 2023. Além disso, trará amostras do asteroide, além da enorme quantidade de dados que já está enviando para a Terra.

Chamam Bennu também de ‘asteroide do apocalipse’. Isso porque entre 2169 e 2199, há oito momentos que ele pode se chocar com a Terra, conforme MILANI, A. et al. Mas as chances são pequenas, e a possibilidade maior que não haja choque. 

Entretanto, isso não impede que tenhamos interesse em estudá-lo. Liberando uma grande quantidade de fragmentos, os cientistas querem compreender a sua origem. O asteroide é, basicamente, uma ‘pilha de entulho’ espacial.

E o fato de eles terem encontrado um pedaço do asteroide e protoplaneta Vesta nos traz, portanto, luz sobre um pouco da violenta formação do asteroide, que se originou dos fragmentos de uma grande colisão.

“Encontramos seis rochas com tamanhos de 5 a 14 pés (cerca de 1,5 a 4,3 metros) espalhadas pelo hemisfério sul de Bennu e perto do equador” explica em um comunicado Daniella DellaGiustina.

Esses são os fragmentos localizados. (Créditos da imagem: NASA/Goddard/University of Arizona).

“Essas rochas são muito mais brilhantes do que o resto de Bennu e combinam com o material de Vesta”, explica DellaGiustina, que trabalha no Laboratório Lunar e Planetário da Universidade do Arizona.

Como houve a troca de materiais entre os asteroides?

Os cientistas descreveram a observação e as possibilidades que explicam esse caso em um artigo publicado na última segunda-feira (21) na revista Nature Astronomy.

“Nossa hipótese principal é que Bennu herdou este material de seu asteróide pai depois que um vestoide (um fragmento de Vesta) atingiu o pai”, explica Hannah Kaplan.

“Então, quando o asteróide principal foi catastroficamente interrompido, uma parte de seus detritos se acumulou sob sua própria gravidade em Bennu, incluindo parte do piroxênio de Vesta”, explica.

Os cientistas haviam notado a presença estranha quando as imagens da OSIRIS-REx captaram fragmentos muito mais brilhantes do que a monotonia do asteroide.

Alguns fragmentos brilhavam até dez vezes mais do que os seus arredores. Isso indicou, portanto, que se tratavam de materiais diferentes. Mas não só isso – algo de outro asteroide.

Por meio de um espectrômetro a bordo da sonda, os cientistas foram capazes de analisar quais eram os elementos ali presentes. Isso os permitiu a rastrear a origem desses elementos.

Um espectrômetro capta os comprimentos de onda dos materiais. Como cada elemento, ou cada molécula diferencia-se uma da outra, cada uma possui sua assinatura. A espectrografia é, portanto, como um “dna” do material – de forma extremamente generalista.

Sabendo exatamente o comprimento de onda refletido pelo material, eles perceberam que tratava-se principalmente de piroxênio, encontrado no Vesta e em seus fragmentos, chamados vestoides.

“Estudos futuros de famílias de asteróides, bem como a origem de Bennu, devem reconciliar a presença de material semelhante ao Vesta, bem como a aparente falta de outros tipos de asteroides”, diz Dante Lauretta em um comunicado.

“Estamos ansiosos para a amostra retornada, que esperançosamente contém pedaços desses tipos de rochas intrigantes”.

O vídeo abaixo explica tudo de uma maneira ilustrada.

O estudo foi publicado no periódico Nature Astronomy. Com informações de NASA.

Compartilhar