Uma pesquisa mostra evidências de que a audição é o último sentido a se desligar quando morremos. Ou seja, algumas pessoas, no estágio final de suas vidas, ainda podem ouvir. O estudo foi publicado em 2020 no periódico Scientific Reports.
A audição é o último sentido a se desligar?
Para conseguir essas evidências, os pesquisadores usaram a tecnologia da eletroencefalografia (EEG), que mede a atividade elétrica no cérebro. Os dados foram coletados de pacientes em hospitais quando estavam conscientes e dos mesmos pacientes quando eles deixaram de responder. Esses pacientes estavam recebendo cuidados paliativos no St. John Hospice, em Vancouver.
Segundo Elizabeth Blundon, autora principal do estudo, “nas últimas horas antes de uma morte natural esperada, muitas pessoas entram em um período de falta de resposta, […] nossos dados mostram que um cérebro moribundo pode responder ao som, mesmo em estado inconsciente, até as últimas horas da vida”.

Os resultados desse estudo podem ajudar médicos, familiares e amigos que querem trazer conforto para seus entes queridos. Por isso, os cientistas se empenham ainda mais na busca de resultados positivos.
Monitorando o cérebro antes da morte
Com o EEG, os pesquisadores monitoraram a resposta do cérebro a esses tons, e descobriram que alguns pacientes que estavam morrendo responderam de maneira semelhante a pessoas jovens e saudáveis — mesmo quando estavam a horas da morte.
O estudo teve como base outro estudo europeu que explorou as respostas cerebrais ao som em participantes saudáveis individuais e em pacientes com lesões cerebrais minimamente conscientes e sem resposta.
Os pacientes autorizaram previamente a pesquisa. Treze famílias participaram e foram feitas gravações cerebrais de cinco pacientes quando não mais responderam.
Durante alguns estudos que ocorreram por mais de 30 anos da Dra. Romayne Gallagher, médica em cuidados paliativos do St. John Hospice, verificou-se que houveram diversas reações positivas em pessoas quando seus entes queridos conversaram em seus últimos momentos de vida. Ou seja, mostrando que o cérebro desses pacientes realmente reage à voz de seus entes queridos.

De acordo com Gallagher, “esta pesquisa dá credibilidade ao fato de que enfermeiros e médicos do hospício perceberam que os sons dos entes queridos ajudavam a confortar as pessoas quando elas estavam morrendo. […] E para mim, acrescenta um significado importante aos últimos dias e horas de vida e mostra que estar presente, pessoalmente ou por telefone, é significativo. É um conforto poder dizer adeus e expressar amor.”
Mas as pessoas entendem o que ouvem?
Apesar dos resultados positivos, não se sabe se as pessoas que estão em seus últimos momentos estão entendendo o que estão ouvindo.
O cérebro respondeu aos estímulos, mas não dá para saber se as pessoas estavam identificando as vozes ou entendendo a linguagem.
Esse estudo reforça nosso dever de acompanhar nossos entes queridos em seus últimos momentos, portanto, não podemos ser omissos nesta última hora.