Astronauta da NASA revela que quase se afogou em caminhada espacial

Jônatas Ribeiro
Imagem: NASA

“Um pequeno passo para um homem, um gigantesco salto para a humanidade”. Essas foram as palavras ditas (ou quase ditas) pelo astronauta Neil Armstrong ao pisar na Lua. Seu reconhecimento, além da famosa frase, se deu por ser comandante da Apollo 11, a primeira missão espacial a levar tripulantes humanos ao solo lunar. E essas mesmas palavras, aliás, foram ouvidas na época, ao vivo, por mais de 500 milhões de pessoas. E isso entre uma população mundial de pouco mais de 3,5 bilhões de pessoas.

O que nem todos sabem é que nem só de Neil Armstrong foi composta a histórica missão da NASA. Também estavam no foguete Saturno V os astronautas Buzz Aldrin e Michael Collins. Aldrin assumiu o posto de piloto do módulo lunar, que aterrissou na Lua (ou melhor, alunissou, no vocabulário da área), e foi o segundo a pisar no terreno. Enquanto isso, Collins, piloto do módulo de comando e serviço e injustamente menos lembrado que seus colegas, ficou em órbita ao redor do satélite.

Mesmo se foi Armstrong que proferiu as clássicas palavras que marcaram a missão, Aldrin e Collins também tinham muita história para contar. Por exemplo, como Aldrin, cristão devoto, celebrou a Santa Ceia em pleno território lunar. Ou como Collins, ao invés de estar cheio de ansiedade, antecipação e muito trabalho antes do voo, tirou o dia antes da decolagem para conversar com sua esposa e reler o poema que ela lhe escreveu. E as anedotas desses bravos homens e mulheres que chegaram até o céu continuam a nos fascinar também nas missões espaciais mais recentes.

Caminhando no espaço

astronauta em caminhada espacial
Imagem: Vadim Sadovski/Shutterstock

As chamadas “caminhadas espaciais” são, provavelmente, a parte mais interessante das missões espaciais. Também chamadas de atividades extraveiculares (ou EVA, do inglês “extra-vehicular activity”) são os momentos da missão em que o astronauta transita pelo espaço aberto, fora do veículo ou da estação espacial em que estavam. O termo hoje se aplica mais a passeios pela órbita terrestre, mas também é válido para caminhadas na Lua. Os créditos da primeira caminhada vão para os soviéticos, quando, em 1965, Alexei Leonov transitou no espaço por 20 minutos. Pouco depois, no mesmo ano, a NASA realizava o mesmo feito, com o astronauta Edward White. No caso de Leonov, como era comum na época, grandes feitos não vinham sem riscos. Afinal, no retorno para a nave, o cosmonauta teve problemas para entrar na escotilha e precisou despressurizar sua roupa, uma manobra bastante arriscada na época.

Hoje, certamente as coisas são mais seguras para os astronautas, já que temos décadas a mais de experiência e avanços tecnológicos. O recorde de tempo de caminhada espacial, inclusive, foi em 2001, tendo os astronautas passado impressionantes 8 horas e 58 minutos no espaço. Ainda assim, certas dificuldades podem ser encontradas de vez em quando. Como, por exemplo, o que aconteceu com Luca Parmitano e Garrett Reisman. E o problema nesses casos tem a ver com uma necessidade básica do ser humano, que não poderia ser negligenciada nem no espaço: beber água.

Um astronauta (quase) afogado

teste de água em capacete de astronauta
Imagem: NASA

Os trajes espaciais da NASA possuem bolsas com água dentro dos capacetes. Os astronautas, assim, podem mordê-las para liberar o líquido e bebê-lo. Se há uma falha e a válvula que libera a água solta contudo, surge o risco de vazamento. Como afirmou Reisman, em um tweet bem-humorado: “tenha certeza que a sua válvula de mordida está bem presa à bolsa de água. Quando eu vi a minha voando dentro do capacete, não fiquei muito empolgado com a possibilidade de ser o primeiro astronauta afogado durante uma caminhada espacial”. Felizmente, a tensão de superfície foi suficiente para manter a água na bolsa.

Em um caso parecido, Parmitano, alguns anos antes, começou a ver água dentro de seu capacete durante uma caminhada fora da Estação Espacial Internacional. Nos 23 minutos de caminhada, o astronauta teve até mesmo que virar de cabeça para baixo para não se afogar. E ainda assim, o liquído cobriu completamente seus olhos e água também seu nariz. Não ocorreu nenhuma tragédia, pois Parmitano conseguiu retornar à Estação a tempo. Com sua visão comprometida, porém, não deve ter sido uma tarefa fácil. Afinal, posteriormente, perceberam que havia vazado mais de 1 litro de água dentro de seu traje.

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