Fotografia de longa exposição incrível foi capturada durante oito anos

Amanda dos Santos
A fotografia de Regina Valkenborgh apresenta 2.953 arcos de luz cruzando o céu, registrando o nascer e o pôr do sol ao longo de oito anos. (Universidade de Hertfordshire)

Oito anos e um mês atrás, uma estudante de Mestrado em Belas Artes da Universidade de Hertfordshire equipou uma lata de cerveja com papel fotográfico. Assim, ela criou uma câmera pinhole de baixa tecnologia. Porém, a lata foi esquecida em um telescópio no Observatório de Bayfordbury da universidade. Esse projeto deixado para trás acabou virando a foto do pôr do sol de maior exposição já tirada.

A fotógrafa Regina Valkenborgh, agora técnica em fotografia da Barnet e do Southgate College, disse já ter tentado essa técnica algumas vezes no Observatório. Mas as fotos costumavam ser arruinadas pela umidade e o papel fotográfico ficava enrolado. Ela não tinha a intenção de capturar uma exposição por tanto tempo e, para a sua surpresa, a foto sobreviveu.

A fotografia mostra a jornada do Sol pelo céu desde 2012. São 2.953 arcos de luz traçando seu caminho conforme o Sol nascia e se punha. Também é visível parte da cúpula do telescópio à esquerda da fotografia e uma estrutura de pórtico projetada para abranger o observatório – construído no meio da exposição – à direita da foto.

A maior fotografia de longa exposição já existente

Antes desta foto, a imagem de mais longa exposição foi considerada como sendo de quatro anos e oito meses, tirada pelo artista alemão Michael Wesely, de acordo com a universidade. Wesely tira fotos de longa exposição de várias cenas, como a reforma do Museu de Arte Moderna (MOMA) na cidade de Nova York.

câmera
A câmera da lata de cerveja foi fixada em uma das cúpulas do telescópio pela estudante de Belas Artes Regina Valkenborgh em agosto de 2012. (Universidade de Hertfordshire)

Portanto, a fotografia de longa exposição requer aberturas muito pequenas, ou aberturas na lente da câmera, para não inundar o papel fotográfico com a luz. Então, a câmera com lata de cerveja é como se fosse uma câmera pinhole (um dispositivo muito simples, sem lente).

Assim, a luz entra pela única abertura da câmera, um orifício do tamanho de uma agulha, e cai no papel fotossensível interno. Isso cria uma imagem invertida de tudo o que a câmera “vê”. Devido ao longo tempo de exposição, apenas objetos lentos ou permanentes aparecem na imagem de resultado. Ou seja, objetos em movimentos rápidos são perdidos.

A imagem de Valkenborgh foi redescoberta pelo principal oficial técnico do Observatório de Bayfordbury, David Campbell. Ele encontrou e removeu a lata de cerveja despretensiosa do telescópio. Valkenborgh disse ser um golpe de sorte que a imagem tenha sido deixada intacta para ser salva por David depois de todos esses anos.

Nas palavras de Marina Gramovich da revista Bird in Flight, as imagens capturadas com essa técnica “literalmente preservam o tempo”. Então, essa técnica aproveita as velocidades do obturador ultra-lentas para registrar assuntos parados por períodos que variam de minutos a anos.

No caso dessa fotografia de longa exposição, os arcos mais altos representam o solstício de verão (dia mais longo do ano), enquanto os mais baixo indicam o solstício de inverno (dia mais curto), de acordo Samir Ferdowsi, do Vice.

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