Antigos romanos tinham obsessão por depilação, revelam novas descobertas

Damares Alves
Imagem: Jim Holden/English Heritage

Mais de 400 artefatos foram descobertos na antiga cidade romana de Wroxeter, em Shropshire, Inglaterra. Entre esses achados, uma coleção de pinças usadas para a remoção de pelos das axilas revela uma fascinante, embora dolorosa, obsessão romana pela beleza e limpeza corporal.

Os romanos, parece, eram crentes fervorosos no adágio “a beleza dói”. A depilação, um ritual de beleza que hoje pode parecer mundano, era uma prática comum, realizada com a ajuda de pinças simples, seguras e baratas, mas certamente não indolores. “Descobrimos mais de 50 pares de pinças só em Wroxeter, uma das maiores coleções deste item na Grã-Bretanha”, revela Cameron Moffett, curador do local, ao The Guardian.

Além das pinças, outros artefatos relacionados à higiene e beleza foram descobertos, incluindo um raspador de pele chamado strigil, frascos de perfume, joias feitas de jato e osso, amuletos para afastar o mal e aplicadores de maquiagem. Esses itens pintam um retrato vívido da vida cotidiana na antiga Wroxeter, uma cidade que já foi do tamanho de Pompeia e a quarta maior cidade da Grã-Bretanha romana.

A remoção de pelos corporais, surpreendentemente, era tão comum entre os homens quanto entre as mulheres. “Era uma expectativa social que os homens que praticavam esportes que exigiam roupas mínimas se preparassem removendo todos os pelos visíveis do corpo”, explica Moffett. Para as mulheres, a remoção de pelos era frequentemente vista como um sinal de beleza. Moffett cita várias fontes escritas, incluindo Plínio e Ovídio, que escreveram sobre a importância de manter o corpo livre de pelos.

A cidade de Wroxeter, outrora conhecida como Viroconium Cornoviorum, era um centro urbano próspero, fundado como uma fortaleza legionária no século I e habitado até o século V. As escavações revelaram um Fórum onde as leis eram feitas, um mercado, um escritório multiuso, um centro comunitário e comercial, e uma casa de banho. Nesta última, os romanos se banhavam e socializavam, demonstrando sua preocupação com a limpeza e a imagem pública.

Entre as ruínas sobreviventes da cidade, uma casa romana reconstruída e muitos dos objetos descobertos em Wroxeter retratam a vida cotidiana daqueles que viveram lá. Através desses artefatos, somos transportados de volta no tempo, para uma época em que a dor era um pequeno preço a pagar pela beleza.

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