A curiosa tradição de perdoar perus dos presidentes dos EUA

Elisson Amboni
Presidente Biden perdoa peru de Ação de Graças em 19 de novembro de 2022. Imagem: Evelyn Hockstein/Reuters

Todos os anos, a tradição do presidente dos Estados Unidos perdoar um peru no Dia de Ação de Graças atrai atenção mundial. Mas você sabe como essa peculiar cerimônia começou? Remontando às raízes desta tradição, encontramos um misto de humor e história.

A história do perdão presidencial de perus pode ser rastreada até o século XIX. Diz-se que tudo começou com Abraham Lincoln, quando seu filho pediu para poupar a vida de um peru destinado ao jantar de Natal da família. Com o passar dos anos, esta prática foi evoluindo, apesar de não ser ainda uma tradição oficial.

No final do século XIX, tornou-se comum cidadãos enviarem perus à Casa Branca para as festividades. Especificamente, Horace Vose, um criador de aves de Rhode Island, começou a enviar perus “completamente preparados” para os presidentes. Essa prática ganhou notoriedade e se tornou um evento anual, contribuindo para a formação da tradição.

Horace Vose "empacotando" um peru.
Horace Vose “empacotando” um peru. Imagem: Theodore Roosevelt Collection/Harvard College Library

A crise de aves de 1947 e a evolução da tradição

Após a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos enfrentaram uma emergência alimentar, levando à criação de um programa de racionamento que incluía quintas-feiras sem carne de aves. Esta medida não foi bem recebida pela população, especialmente com a aproximação das festas de final de ano.

Em 1947, criadores de aves iniciaram uma campanha, enviando frangos à Casa Branca em protesto, o que culminou na apresentação de um peru de 20 kg ao presidente Harry Truman. Esse gesto deu início a uma nova tradição anual.

Foi em 1963, com John F. Kennedy, que o termo “perdão” foi usado pela primeira vez em relação a um peru do Dia de Ação de Graças. Kennedy escolheu não consumir o peru, que veio com uma placa dizendo “Bom Apetite, Sr. Presidente”, e preferiu deixá-lo viver.

No dia 19 de novembro de 1963, o presidente John F. Kennedy concedeu perdão a um peru de Ação de Graças, apenas três dias antes de seu trágico assassinato.
No dia 19 de novembro de 1963, o presidente John F. Kennedy concedeu perdão a um peru de Ação de Graças, apenas três dias antes de seu trágico assassinato. Imagem: Abbie Rowe

Ao longo dos anos, o destino dos perus perdoados variou. Alguns foram enviados de volta para as fazendas, outros para zoológicos ou parques. Durante a administração de Obama, por exemplo, os perus foram enviados para a Disneyland.

Uma tradição singular

O perdão do peru, além de ser uma prática curiosa, reflete um aspecto lúdico e humano dos presidentes dos EUA. É uma tradição que, apesar de sua natureza peculiar, se tornou um evento esperado e querido, demonstrando um lado mais leve e compassivo da liderança presidencial.

A tradição não apenas captura a atenção do público, mas também oferece um momento de reflexão sobre compaixão e tradições culturais. Ela transcende a política, conectando pessoas de diferentes espectros em um momento de celebração e humor.

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