Pesquisadores identificaram que centenas de imponentes tubarões-brancos, que sumiram de seu habitat tradicional na região do Cabo Ocidental, na África do Sul, e migraram para o leste em busca de sobrevivência.
A África do Sul, famosa pela grande população de tubarões-brancos, tem notado uma diminuição significativa desses animais na costa da província de Western Cape. Em 2011, havia mais de 300 avistamentos de tubarões-brancos, mas nenhum foi registrado desde 2019. Essa redução levanta preocupações sobre a conservação da espécie, que desempenha um papel crucial no equilíbrio dos ecossistemas marinhos.
Para entender melhor esta situação, os cientistas conduziram uma pesquisa abrangente usando informações fornecidas por outros pesquisadores, empresas de turismo e pescadores da região costeira. Eles analizaram as variações na quantidade e nas alterações na distribuição dos tubarões-brancos em toda a sua área de ocorrência na África do Sul.
Esta análise evidenciou diferenças notáveis na quantidade de tubarões nos principais pontos de coleta. Alguns locais apresentaram declínio na população, enquanto outros demonstraram aumento ou manutenção dos números. Em uma visão geral, parece que há uma tendência de estabilidade, o que indica que a população de tubarões-brancos se manteve inalterada desde que foram concedidas proteções legais em 1991.
Quanto a mudança na distribuição dos tubarões entre diferentes localidades, foi observado uma alteração nas interações entre seres humanos e tubarões, do Cabo Ocidental para o Cabo Oriental. É necessário realizar mais estudos para confirmar se os tubarões desaparecidos do Cabo Ocidental são os mesmos observados no Cabo Oriental.
Embora seja bom constatar que a população de tubarões-brancos parece estável, a mudança na distribuição traz consigo novos desafios, incluindo o perigo representado pela pesca e pela gestão das praias. Portanto, é essencial melhorar o monitoramento da localização desses tubarões.
Entre 2015 e 2020, a equipe observou mudanças significativas na distribuição dos tubarões-brancos. Em Seal Island, False Bay (Western Cape), os avistamentos de tubarões caíram de 2,5 por hora em 2005 para 0,6 em 2017. Em contraste, em Algoa Bay, o número de tubarões capturados aumentou de seis em 2013 para 59 em 2019.
A compreensão dessas mudanças é complexa e influenciada por vários fatores. Os tubarões, que podem viver mais de 70 anos, apresentam comportamentos diferentes em cada fase da vida e são afetados por condições ambientais, como temperatura da água, fase lunar, estação do ano e disponibilidade de comida.
Eles se adaptam bem a diferentes climas e dietas, preferindo temperaturas entre 14 e 24 graus Celsius. Sua natureza migratória permite buscar condições mais detalhadas quando necessário.
A presença de baleias assassinas, que já foram documentadas atacando tubarões para devorar seus fígados, também parece ter um impacto significativo no comportamento dos tubarões.
Os ataques de orcas à tubarões-brancos foram documentados pela primeira vez em 2015 ao longo da costa sul-africana, coincidindo com as mudanças comportamentais significativas em tubarões-brancos em Gansbaai e na Baía Falsa.
Embora uma conexão direta não seja claramente estabelecida, dados de rastreamento sugerem que os tubarões tendem a abandonar uma área após um ataque de baleias assassinas.
É preciso realizar mais estudos para entender as causas que influenciam a movimentação dos tubarões e como isso afeta sua distribuição ao longo do tempo e do espaço. Nossa pesquisa enfatiza a necessidade de uniformizar os procedimentos de coleta de dados para obter números confiáveis sobre a quantidade desses animais em todas as regiões onde eles são encontrados. Esta é uma questão que também afeta outros países.
